17 fev, 2024 - 08:46 • Fátima Casanova
Milhares de professores são esperados este sábado, num protesto em vésperas de eleições que pretende trazer a educação para o debate político e pede que os partidos assumam um compromisso para a educação e não se fiquem por promessas de descongelamento do tempo de serviço dos professores.
A Marcha pela Educação tem início previsto para as 14h00 deste sábado, no Largo do Rato, em Lisboa, e como destino a Assembleia da República.
À Renascença, Paulo Cunha, um dos organizadores desta marcha, defende que se tem falado "muito pouco" da educação nos debates políticos para as legislativas de 10 de março.
"Temos assistido a um conjunto de debates, mas temos falado muito pouco sobre a educação e isso preocupa-nos, porque, como é sabido, nos últimos tempos a educação viveu um enorme flagelo, especialmente a escola pública", defende, lembrando que existe "mais de 30 mil alunos sem professor a pelo menos uma disciplina" e cerca de 3.200 professores sem a formação adequada para lecionar.
O professor de História e Geografia defende que é preciso ter alguém que conheça o terreno à frente do Ministério da Educação, depois de ter sido governada de forma "um pouco amadora".
"Se olharmos para os últimos ministros da Educação, é difícil encontrar lá um professor: um professor de carreira, um professor de base, alguém que tenha estado de facto dentro de uma sala de aula. Alguns são docentes do ensino superior, mas não é exatamente a mesma coisa. Nós temos de ter pessoas que estejam no terreno, que conheçam a escola, que saibam os reais problemas dentro de uma escola", afirma Paulo Cunha.
Segundo o organizador da marcha, estão confirmadas dezenas de autocarros de vários pontos do país com docente, técnicos e assistentes operacionais para a marcha deste sábado, onde o tema não passa apenas por descongelar todo o tempo de serviço dos professores. O professor defende que é preciso os partidos políticos assumirem um compromisso para a educação e não se ficarem apenas pelas questões mediáticas.
"É de facto um dos problemas mais mediáticos, mas não é de todo um problema que vai resolver, por exemplo, a falta de professores. Era isso que nós queríamos ver resolvido. Temos alguns partidos que tentam apresentar algumas soluções, mas na verdade, quando olhamos para o conjunto dos programas eleitorais, percebemos que não há um verdadeiro sentido de dever, um sentido de missão, um compromisso político nas várias forças políticas para atacar o problema da educação a longo prazo", lamenta.