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Integração das Pessoas em Situação de Sem-Abrigo

Comunidade Vida e Paz. Estratégia "esquece a pessoa" e a realidade da fome em Lisboa

18 fev, 2024 - 10:25 • Henrique Cunha

Presidente Horácio Félix lamenta que a Estratégia Nacional para a Integração das Pessoas em situação de Sem-Abrigo esqueça "as pessoas e os seus problemas" e se foque na questão da prevenção e da habitação".

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A Comunidade Vida e Paz lamenta que a Estratégia Nacional para a Integração das Pessoas em Situação de Sem-Abrigo (ENIPSSA), para a qual termina consulta pública este domingo e que deverá vigorar no período 2025-2030, seja "quase uma estratégia para a habitação" e que "esquece a pessoa".

“Devia estar mais centrada na pessoa. Foca-se muito na prevenção, nomeadamente na questão da habitação, mas historicamente as pessoas em situação de sem-abrigo são pessoas com problemas relacionados com a saúde mental, ou em fase de processo de adição. Portanto, se não tratarmos a pessoa e as sua problemáticas, focarmo-nos quase exclusivamente nas questões da habitação não me parece a melhor solução”, afirma Horácio Felix, o presidente, em entrevista à Renascença.

No dia em que termina a consulta publica do documento, o responsável sublinha que por exemplo não se vê “ali a questão da alimentação e se pegarmos na pirâmide das necessidades de Maslow, verificamos que sem cuidarmos do processo básico de sobrevivência tudo o resto não se consegue atingir”. “É uma realidade que nós sentimos muito na cidade de Lisboa em que existem de facto pessoas a passar fome e se não as alimentarmos o esforço feito noutras vertentes acaba por ser infrutífero porque as pessoas precisam em primeiro de sobreviver”; reforça.

Horário Félix afirma que a estratégia “quase mais parece uma estratégia mais ligada à questão da falta de habitação do que do cuidar das pessoas”.

“É evidente que existe aqui uma nova realidade, que é a questão da imigração de pessoas que estão na rua por falta de meios financeiros e isso terá que ser também cuidado, nomeadamente com a promoção de emprego e de local onde possam estar com dignidade. Mas, no fundo, estamos perante um documento bem elaborado, mas pouco concretizável”, conclui.

Carta Aberta com queixas e pedidos de sem-abrigo

A IPSS apresentou uma carta aberta onde dá voz às pessoas que acompanha todo o ano e lamenta que em 35 anos de atuação pessoas continuam invisíveis. A iniciativa resulta do inquérito que a Comunidade Vida e Paz realizou junto das pessoas em situação de sem-abrigo, durante a sua habitual Festa de Natal.

Horácio Félix diz que “foi uma experiência muito interessante, porque geralmente nós, os serviços públicos temos a tendência de servir soluções e nós desta vez partimos ao contrário, fomos ouvir as pessoas que estão na rua, sobre coisas tão simples como aumentar o horário dos balneários públicos, criar locais com máquinas de levar e secar roupa, porque as pessoas precisam de facto de ter dignidade.

E até a nível da empregabilidade, quando alguém tem uma entrevista, deve tentar ir o mais apresentável possível porque senão se for com um cheiro que não é propriamente aquilo que o empregador está à espera de um seu é muito mais difícil conseguir emprego”.

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