21 fev, 2024 - 08:01 • Fátima Casanova , Olímpia Mairos
O presidente do Sindicato Nacional do Ensino Superior e Ciência (SNESUP) lamenta o facto de, terminada a maratona de debates televisivos, não ter ouvido propostas para o setor.
José Moreira considera que houve mais interesse em entrar em guerrilhas do que pensar em questões importantes para o futuro do país.
“Creio que vi de cerca de 90% dos debates e o Ensino Superior nunca foi referido uma única vez”, diz José Moreira, assinalando que “a ciência foi referida muito lateralmente e para o sindicato e para o setor é extremamente importante que se debata estas questões porque são questões das quais depende o nosso futuro”.
“Os debates foram sempre centrados mais ou menos numa espécie de guerrilhas entre candidaturas e de substância falou-se relativamente pouco e de ensino muitíssimo pouco e ensino superior nada”, observa.
Para preencher esse vazio, o Sindicato do Ensino Superior e Ciência organiza esta quarta-feira, às 15h00, na Faculdade de Letras, no Porto, um debate com representantes dos partidos com assento parlamentar.
José Moreira quer trazer para o debate várias questões, entre elas a precariedade dos investigadores e denúncia que quase a totalidade desses profissionais estão fora da carreira
“Cerca de 90% dos investigadores estão em situação precária”, aponta.
O responsável saúda “o facto de se ter passado de não contratos de trabalho - que eram as bolsas para contratos de trabalho - mas alerta que “90% das posições são precárias e ainda por cima a maioria delas numa situação que é completamente fora dos estatutos de carreira, que é o chamado investigador júnior, que tem exatamente as mesmas funções que um investigador de carreira e que só ganha um 1/3 do vencimento”.
“Não há outro setor no país que tenha 90% de precários”, realça.
Nestas declarações, o presidente do SNESUP denúncia também a contratação de falsos professores convidados pelas universidades, uma estratégia para poupar dinheiro, afetando cerca de 20%, dos docentes no ensino superior.
“Teremos cerca de 3.000 pessoas nessas condições”, adianta José Moreira, considerando que “isto é extremamente grave, porque são pessoas a que nós chamamos de falsos convidados, ou seja, são pessoas que não têm outra atividade profissional principal e que estão na academia para exatamente prover a cadeiras e disciplinas básicas dos cursos, fazerem exatamente o mesmo trabalho que fazem os professores de carreira com a agravante que têm muitíssimo mais horas docentes ou salários muitíssimo mais baixos”.
“Tudo isto conduz a uma degradação completa não só das carreiras dos docentes, mas também na situação destas pessoas que são precárias e na qualidade de ensino das nossas universidades”, remata.