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Por que razão a neve na Serra da Estrela leva tantas vezes ao corte de estradas?

25 nov, 2016 - 20:10 • Liliana Monteiro

A geografia, a meteorologia, os meios humanos e materiais são algumas das variáveis nesta equação.

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O primeiro nevão do Outono chegou a muitas aldeias e cidades do Norte do país e com ele chegaram também os tradicionais encerramentos de estradas. Os distritos de Vila Real e Viseu foram os mais afectados pela queda de neve das últimas horas.

Na Serra da Estrela a neve caiu também em força na última noite e desde quinta-feira há condicionamentos no acesso à Torre. O Maciço Central está todo cortado ao trânsito.

Afinal, por que é que a Serra da Estrela quase sempre fica com estradas cortadas quando neva?

Além da altitude, a localização da Serra da Estrela ajuda a explicar. A serra encontra-se a 100 quilómetros do Atlântico, sem qualquer barreira montanhosa que a proteja “dos ventos húmidos e ciclónicos do oceano”, refere a Infraestruturas de Portugal.

O factor meteorológico também explica. No Inverno os distritos da Guarda e Castelo Branco têm frequentemente avisos laranja e amarelo, com condições de neve muito densa nos pontos mais altos, o que dificulta a remoção das estradas.

A estrada nacional EN338 está no ponto mais alto da Serra e fica, por isso, exposta aos fenómenos meteorológicos mais extremos. Segundo a Infraestruturas de Portugal, a neve, associada a temperaturas muito baixas, congela ao cair na via, criando uma película de gelo que vai aumentando mesmo com a colocação de sal-gema.

O vento sopra muitas vezes a 100 quilómetros/hora no ponto mais alto de Portugal Continental.

De quem é a decisão de encerrar as estradas?

O corte das estradas é uma decisão sempre tomada entre a Infraestruturas de Portugal e a Unidade de Montanha da GNR.

Os meios disponíveis são suficientes?

O Centro de Limpeza de Neve (CLN) da Serra da Estrela tem um total de 17 funcionários e 12 viaturas: cinco limpa-neves, duas rotativas, uma giratória, uma retro-escavadora e três viaturas de apoio.

Além destes meios, na Guarda, que serve a Serra da Estrela, existe também um espalhador de sal acoplado a uma viatura pesada e uma retro-escavadora que ajudam a limpar a neve 24 horas por dia. Neste distrito a Infraestruturas de Portugal zela por 797 quilómetros de estradas.

Caso sejam necessários mais meios, são accionados os veículos e trabalhadores que se encontrem noutros distritos.

A (frustrante) guerra contra a neve

Os funcionários que procedem às limpezas muitas vezes limpam a neve e para trás fica logo uma camada de gelo.

Há autarcas da região que dizem mesmo que é tão complicado limpar a estrada que mesmo um comboio limpa-neves não resolveria a situação.

A Infraestruturas de Portugal esclarece que, além disso, nem sempre existem condições climatéricas e de segurança para os limpa-neves trabalharem. A queda de neve, associada a ventos fortes e nevoeiro intenso, diminui a visibilidade, o condutor deixa ter pontos de referência para saber onde está a estrada.

Altitude condiciona missão dos limpa-neves

Aos 1.200 metros de altitude, a passagem sucessiva de limpa-neves permite a circulação normal de viaturas, segundo a Infraestruturas de Portugal.

Já em condições adversas aos 1.600 metros de altitude não há garantias de segurança na circulação. Aos 2.000 metros, na maioria das vezes, os limpa-neves não conseguem sequer circular.

Além disso, a estrada de acesso à Serra da Estrela funciona em circuito fechado, sem muitas alternativas que não seja mesmo encerrar durante os nevões mais fortes.

Prioridades na limpeza da neve

Nem sempre é possível assegurar a abertura imediata da estrada de ligação à Torre, logo após a paragem do nevão. Isto acontece porque há previsões de nova queda de neve nas horas seguintes e se opta por não reabrir ou porque a primeira prioridade é a limpeza das vias que dão acesso a populações, escolas, hospitais e hotéis, e os meios têm de ser rentabilizados para o que é mais importante no imediato.

Visitantes descuidados

As autoridades queixam-se também da falta de cuidado e protecção dos que visitam a Serra da Estrela. Quando surgem as primeiras notícias de nevões são muitos os que pegam no carro e se deslocam para ver a neve.

De acordo com a GNR e a infrasteruturas de Portugal, a maioria dos automobilistas não leva correntes de neve, nem roupa adequada ou até mesmo um simples pacote de bolachas, para o caso de alguma coisa não correr bem e de ficarem parados com o carro na montanha.

Histórico de acidentes no Maciço Central

Entre 2009 e 2015, ocorreram 153 acidentes de viação no Maciço Central da Serra da Estrela. Nos anos mais recentes, aconteceram 28 acidentes em 2013, 28 em 2014 e oito em 2015. Nos últimos sete anos foi registada uma vítima mortal e nenhum ferido grave.


Fonte: Infraestruturas de Portugal

Comentários
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  • 27 fev, 2017 05:48
    Aqui a desmontagem dos 3 mitos da neve "especial" da Serra da Estrela. https://www.facebook.com/noticiasdeseia/videos/1343283865728470/
  • Isabel
    26 jan, 2017 Lisboa 10:45
    O que mais me intriga é a "geogragia"😁
  • 19 dez, 2016 09:02
    E quando não neva nem chove nem há vento, como aconteceu este sábadao e este domingo? Um sol radioso e as estradas só foram abertas às 3 da tarde de domingo!!! Qual é a "razão" que vão alegar para legitimar esta grosseira incompetência - e digo mesmo - malvadez? A neve não corta estrada nenhuma. Quem as corta é a incompetência de quem é pago para a limpar com a conivência de quem encolhe os ombros perante esta enormidade. Há - cada vez tenho menos dúvidas - uma intenção deliberada para que as estradas se cortem por tudo e por nada. Até porque fechadas, as estradas dão menos trabalho a todos. A quem tem por obrigação de as limpar è às forças de segurança que têm por missão vigiá-las. E o ordenado de todos está garantido ao fim do mês, na mesma. Não é?
  • mario
    27 nov, 2016 caldas 15:47
    os Picos da Europa estão a que distancia do Atlântico ???
  • jaquim
    27 nov, 2016 portugal 10:07
    Mandem lá um desses "engenheros" estagiar para um desses paises com neve a sério para aprender como se faz, em vez de andarem com desculpas esfarrapadas...
  • Antonio Lopes
    26 nov, 2016 Guarda 21:11
    Os veículos que asseguram a limpeza dessas estradas estão equipados com pneus de inverno (também conhecidos como pneus de neve)?
  • nando amaral
    26 nov, 2016 sao romao 19:41
    o que eu acho mais incrivel é que nem um unico em proteçao da serra da estrela.. ou seja sera mesmo necessario abrir as estrada, nao havera outro meio de aceder a estancia... lembrem-se meus senhores a serra da estrela é a maor reserva de agua de portugal e nao é com estradas que se preserva tal riqueza milhares de carros toneladesde sal gema , ja ´para nao apontar plasticos e todo tipo de lixo deixado a derevida por todo o maçico centralamem a serra e n comtribuam para a sua destruiçao
  • Pedro Pedroso
    26 nov, 2016 Pinhal Novo 17:06
    Confrangedor é a começar a vossa submissão ao estabelecido.Por amor a santa....barreira natural?????estradas municipais ???Podia ir ao Canada mas fico aqui ao lado...Espanha...querem Sierra Nevada ou a 500 de distância do mar Nave Cerrada?os nossos estudantes e conhecidos vão para lá divertir por que lá neva é muito mais e é normal e as estradas estão abertas....aqui só há um limpaneves .... vocês dão a notícia limpaneves avaria logo no prime nevão mas NEM acham estranho isso nem o único sítio que neva minimamente a primeira neve fechar...para escreverem isto deixem estar....o Alvim a gozar faz melhor ....parecem o autarca de Lisboa a culpa é da natureza......os americano tiraram do rio Houston um avião em oito dias....nós vemos pescadores morrer a vista da Praia porque estamos no país do Raul Solnado onde os afogamentos são das 9 ás 5....e voltando a neve temos 20 hotéis na Serra 4 centros comerciais na serra e um miserável limpaneves mas confrangedor é ver vocês tentarem explicar que prontos é assim e prontos....podiam acrescentar como Amália cantava que é por vontade de Deus que cai dois flocos e se fecha a serra.
  • João Santos
    26 nov, 2016 Aveiro 16:50
    Experimented or a países nórdios para aprender alguma coisa
  • João Tilly
    26 nov, 2016 Seia 13:40
    Este artigo é uma tentativa de resposta à luta de todos os agentes económicos e residentes em Seia e na encosta nordeste da Serra da Estrela contra a indignidade do corte sistemático da estrada 339 - até no nr da estrada se enganaram! Escreveram 338 porque o nosso grupo se chamava originalmente E338! Luta essa que já chegou ao Primeiro Ministro, ao Ministro do Planeamento e das Infraestruturas e até ao Presidene da República. Tudo o que está dito neste artigo são desculpas esfarrapadas e afirmações cientificamente falsas. A nossa neve não é muito diferente da que cai na Europa em volume 100 vezes maio do que aqui. E as estradas europeias estão permanentemente abertas. Siga esta nossa luta de 3 anos em www.facebook.com/groups/EN338. Onde encontra informação científica que desmonta as balelas com que a Estradas de Portugal continua a tentar iludir a opinião pública. Neste momento já não ilude ninguém, pois nós disponibilizamos factos, informação cientificamente validada e registos diários que não mentem. Quem mente é quem - para poupar uns tostões - permite que a única estrada da Serra da Estrela, que conduz até ao ponto mais alto de Portugal continental, seja cortada durante mais de metade dos dias de Inverno, com o prejuízo de todos os que se deslocam centenas de kms para chegar à Torre; e da região cuja economia perde centenas de milhares - ou mesmo milhões por ano - com a manutenção deste inacreditável e absurdo estado de coisas.

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