01 mar, 2024 - 00:02 • Anabela Góis
O Estado e as famílias portuguesas pouparam mais de 580 milhões de euros em 2023 com a utilização de medicamentos genéricos. De acordo com a Associação Portuguesa de Medicamentos Genéricos e Biossimilares (APOGEN), são mais 14,1% do que em 2022 e o valor mais alto desde que a contabilização começou a ser feita, há 13 anos.
Os dados são do contador online no site da APOGEN: desde janeiro a poupança já ultrapassa os 96 milhões de euros. Mas entre 2011 e 2023, os medicamentos genéricos permitiram libertar recursos no valor de 5.860 milhões de euros.
Contabilizando os últimos 20 anos, explica a presidente da APOGEN à Renascença, “a poupança foi superior a 7.000 milhões de euros e até 2030 - com a previsão de moléculas em que a patente vai cair - vamos conseguir recuperar mais de 1.8 mil milhões de euros".
"Se juntarmos tudo, a poupança será equivalente ao custo do novo aeroporto,” assegura Maria do Carmo Neves.
Não têm nome comercial, mas são igualmente eficaze(...)
Em 2023, foram dispensadas cerca de 108 milhões de embalagens de medicamentos genéricos nas farmácias comunitárias, o que corresponde a um crescimento de 5,7% face ao ano anterior.
Um crescimento pequeno, na opinião de Maria do Carmo Neves, que lembra que “a quota de genéricos em Portugal é de 51%, muito aquém do objetivo do Governo, que queria chegar aos 60%”.
Estes números significam que em Portugal "cinco em cada dez doentes são tratados com medicamentos genéricos, quando em países ricos, como é a Alemanha, oito doentes em cada dez são tratados com medicamentos genéricos e no Reino Unido são 9 em cada 10". A conclusão é que "temos um longo caminho longo para percorrer”.
Maria do Carmo Neves considera, por outro lado, que “as empresas de medicamentos genéricos praticamente esgotaram a sua capacidade para aumentar a quota destes medicamentos”.
Agora, sublinha, compete aos restantes protagonistas da área da saúde - nomeadamente o Ministério, os médicos e os farmacêuticos - fazerem o seu papel, porque "quanto mais dinheiro formos capazes de recuperar pelo uso destas terapias, mais capacidade o Serviço Nacional de Saúde tem para introduzir a inovação em Portugal”.