09 mar, 2024 - 08:35 • Lusa
O Plano de Logística Urbana Sustentável (PLUS) do Porto, de 2021, para melhorar os constrangimentos e a poluição associados às entregas na cidade, apenas faz uma referência explícita a modos suaves para esta atividade, que estará este sábado em debate.
O PLUS do Porto, elaborado em 2021, previa três anos para a sua implementação e refere que "a circulação de veículos de transporte de mercadorias e as atividades relacionadas com a logística urbana condicionam a mobilidade na cidade, ao mesmo tempo que são elas próprias condicionadas pelas circunstâncias atuais: congestionamento, estacionamento ilegal e abusivo".
Este sábado, pelas 16h30, na livraria Gato Vadio, a conversa aberta "O espaço urbano para quem? Problemas e soluções em entregas nas nossas cidades", organizada pela livraria, pela MUBi e pela CicloLogística Porto, debate esta problemática.
Entre as ações previstas no PLUS estavam a atualização de regulamento de acesso para pesados, reforço de fiscalização, sensorização dos lugares de cargas e descargas, circulação de veículos de mercadorias em vias BUS, criação de zonas de logística urbana com zero emissões de dióxido de carbono (CO2), ou a criação de micro-plataformas de logística e de pontos para entrega e recolha de encomendas.
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Há ainda uma única referência explícita à utilização de meios de mobilidade suave, ao invés dos automóveis (que ocupam mais espaço na cidade), afirmando querer promover "a consolidação de mercadorias e utilização de modos suaves em locais de forte pressão turística e em que a morfologia urbana não favorece a circulação automóvel".
No diagnóstico feito até 2021, que envolveu várias fases de estudo anterior e a realização do Fórum da Logística, entre as circunstâncias que contribuíram para o agravamento da situação estão "o aumento do comércio "on-demand" [a pedido]" e "o aumento da atividade turística".
Unidades de alojamento local sem lavandarias ou garagens, "aliadas à morfologia urbana dos locais onde se inserem, ruas estreitas com uma única via de circulação, contribuem para o agravamento dos constrangimentos no trânsito automóvel e pedonal", refere o texto.
"O aumento do tráfego automóvel nos centros urbanos tem como consequências o aumento dos congestionamentos de trânsito que estrangulam a própria atividade económica e comportam sérios prejuízos para os operadores logísticos, o aumento da poluição sonora e atmosférica, a deterioração das condições de mobilidade e de vida de todos quanto habitam e vivem a cidade", pode ler-se no documento.
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Entre os desafios identificados está o "desajuste entre as janelas horárias de entrega e os horários de funcionamento dos estabelecimentos comerciais", a "escassez de estacionamento" e o "elevado tráfego de atravessamento da VCI".
Os comerciantes inquiridos no âmbito do estudo efetuado indicaram "como principal dificuldade a falta de bolsas de estacionamento reservadas para cargas e descargas (67%)", e os motoristas e operadores logísticos identificaram "a falta de estacionamento (referido por 37% dos inquiridos) e o congestionamento (referido por 23% dos inquiridos)".
"Por outro lado, os transportadores são eles próprios responsáveis por constrangimentos à mobilidade automóvel e pedonal", já que "apenas em 28% dos casos o seu estacionamento não perturbava o fluxo de peões nem de outros automóveis", refere o documento.
Os inquéritos aos motoristas revelaram ainda "uma elevada taxa de estacionamento ilegal, sendo o passeio o local mais utilizado para o estacionamento", com 69% das respostas, e o uso dos locais para cargas e descargas, mais de 500 em 2021, correspondia "a apenas 3% dos casos".