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Conselho Português para os Refugiados cria caderno de ensino de português

16 mar, 2024 - 08:44 • Lusa

Projeto quer ajudar estrangeiros com dificuldades em aprender português e inclui dois documentos, um com 115 fichas de exercícios e outro com a "Metodologia e Estratégias aplicadas".

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Um caderno de alfabetização é a proposta do Conselho Português para os Refugiados (CPR) para ajudar na integração de estrangeiros com dificuldades em aprender português, sem ser em idade escolar.

Em declarações à Lusa, Isabel Galvão, coordenadora do Português Língua Estrangeira (PLE) e autora do recente Caderno de Alfabetização para Falantes de Outras Línguas, explicou que esta proposta visa sistematizar modelos de ensino adequados a refugiados e imigrantes para os ajudar na integração profissional e social, com "aprendizagem de ferramentas que lhes permitem ser cidadãos de pleno direito".

O caderno "dirige-se a professores, formadores e outros técnicos que lidem com necessidades semelhantes e se queiram inspirar na nossa prática letiva", afirmou a responsável, salientando que o projeto inclui dois documentos, um com 115 fichas de exercícios e outro com a "Metodologia e Estratégias aplicadas".

Esta proposta "resulta de muitos anos de experiência, que fui desenvolvendo e aprimorando", explicou, salientando que o que existe, do ponto pedagógico, era incipiente ou destinava-se ao contexto escolar tradicional, sem responder às necessidades dos adultos.

"Todos os anos iam chegando pessoas que não tinham ido à escola ou que tinham uma escolaridade muito precária ou que não conheciam o alfabeto latino" e "começaram a colocar-se muitos desafios" para os quais não existiam materiais pedagógicos adequados.

Há "manuais e há livros e muitas coisas nas quais eu também me inspiro, obviamente, mas este caderno destina-se a pessoas que estão numa situação muito fragilizada e muito vulnerável. E que, para terem acesso quer ao mercado de trabalho que tanto se fala, quer aos próprios serviços para serem cidadãos", necessitam de "aprender português, para poderem ficar em Portugal".

Por isso, não basta ensinar português, mas também uma "componente sociocultural" que ajude na integração, com os "códigos sociais e culturais da nossa sociedade", considerou a docente.

"Na verdade, a língua não é só a gramática e é vocabulário e até uma boa pronúncia", mas sim "um contexto global", salientou Isabel Galvão, considerando que cabe ao "formador a responsabilidade de levar os seus alunos a descobrir o português".

"As pessoas aprendem a língua portuguesa em todos os lados, no supermercado, no autocarro, a falar com o vizinho" e é necessário "preparar os refugiados e imigrantes" para esses contextos, acrescentou.

Até porque "há um problema de motivação na aprendizagem do português para quem procura Portugal como refúgio", já que a língua é complexa e o sistema de ensino não está adequado.

"Sinto que os professores estão um pouco perdidos, porque de repente têm crianças que vêm do Bangladesh ou da Índia" e "estão centrados só no problema e não se abrem para a diversidade e para a construção da relação com o outro, com parcerias e aprendizagens mútuas", salientou Isabel Galvão.

Os dois documentos, os cadernos com exercícios e metodologias, estão disponíveis para "download" gratuito na página "online" do CPR.

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