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reportagem na Futurália

"Ficar cá, se tiver um bom emprego fora de Portugal?"

22 mar, 2024 - 07:00 • João Cunha

Já estão a contar que, depois de concluída a sua formação académica, terão de sair do país para poder trabalhar. Para já, milhares de jovens afinam as escolhas na Futurália.

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Um mar de gente ocupa a zona entre as instalações da FIL e o MEO Arena. São centenas de alunos, oriundos de vários locais do país, que na Futuralia procuram indicações sobre um curso que lhes agrade, que lhes dê futuro e estabilidade. E que os ajude na vida futura.

David Reis tem escolhas, mas nenhuma está ainda decidida: vai optar por arquitetura ou por culinária. Admite que já lhe passou pela cabeça emigrar - mesmo sem ter concluído o curso nem sequer ter feito a opção final.

Admite que é difícil ser estudante do secundário e ter de fazer uma opção de futuro.

"Porque vejo pressão, tanto para as médias como para as notas. É difícil saber o que quero fazer, sendo que vai ser uma escolha para o resto da vida. É uma grande decisão".

E face à atual conjuntura, não estranha que o seu futuro profissional possa passar por um outro país que não Portugal.

"Já me passou pela cabeça e continua a passar. Mas isso depende tudo das escolhas e das oportunidades", explica este jovem que, com outros colegas de turma, está na FIL, no Parque das Nações, para visitar a Futuralia.

João Morgado estuda em Alverca. Tem apenas 16 anos. É atleta de alta competição, de ténis, e por isso, já tem o seu futuro bem definido: conseguir uma bolsa de estudo para viajar para os Estados Unidos, onde vai aperfeiçoar o ténis. Mas depois, profissionalmente, quer mais.

"Nesse contexto, poderia seguir o meu sonho, que é ser piloto de aviação comercial. E ao mesmo tempo, jogar o desporto que gosto, que é o ténis, e ver o que conseguia fazer nessa modalidade".

Não exclui ficar em Portugal, depois de conseguir o brevet de piloto.


"Acho que isso dependeria bastante do ambiente que eu sentiria e que eu gostaria de estar, lá nos Estados Unidos. E também um pouco da oferta de trabalho, obviamente. Mas se gostar do ambiente nos Estados Unidos, e estou a pensar ir para a Flórida, provavelmente será melhor opção ficar por lá. Em Portugal, a vida não está fácil".

Apesar de mesmo em Portugal, o vencimento de um piloto de aviação civil ser atrativo, os Estados Unidos "são outro mundo e tem melhores condições, comparado com Portugal".

Francisca Rodrigues também é aluna do 11.º ano e colega de João, mas ao contrário deste, ainda tem dúvidas sobre o seu futuro percurso académico.

"Não estou 100 por cento certa, mas gostava de seguir alguma coisa na área do património cultural, conservação, restauro". E já tem argumentos a favor.

"A percentagem de empregabilidade é bastante alta. Em Portugal até temos bastante património, portanto, seria uma boa escolha. É algo que tenho de investigar mais aprofundadamente".

Não vê com maus olhos a possibilidade de, depois de concluído o curso, trabalhar fora de Portugal. Teria as suas vantagens, apesar de admitir que seria frustrante ter de sair do país.

"Acho que é um bocadinho frustrante, sim. Mas tenho curiosidade em experienciar coisas diferentes, como viver noutro pais. durante algum tempo. Seria também uma experiência de crescimento pessoal e que podia ajudar tanto na minha carreira profissional como a nível pessoal. Acho que seria interessante".

Um mar de gente ocupa a zona entre o Meo Arena e a FIL. Centenas de jovens, a maioria em grupos organizados e acompanhados de professores, que querem perceber a oferta formativa e académica de dezenas de instituições de ensino.

Sentada nas escadarias do Meo Arena está Carlota Joaquim, que veio de Almada. Já sabe por onde passa o seu futuro.

"Eu já, eu quero seguir contabilidade e finanças no Politécnico de Setúbal".

Não fica assim tão longe de Almada. Mas se depois de concluído o curso tiver de optar por um emprego fora do país, nessa área, Carlota não hesita.

"Já me surgiu essa ideia de, se algum dia me surgir uma oportunidade de ir para fora, eu vou aproveitar, porque as oportunidades são sempre melhores lá fora. Mas se tiver um bom emprego em Portugal, porque não ficar cá?"

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