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Pobreza e Educação

Só 44% dos alunos carenciados acedem ao Ensino Superior. "Elevador social ainda não funciona"

05 abr, 2024 - 13:44 • Henrique Cunha

De acordo com um documento da Direção-Geral do Ensino Superior que sistematiza a revisão do acesso ao Superior, só 44% dos alunos de escalão A concluíram o secundário e transitaram para o ensino superior.

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A Bagos D’Ouro - instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) que promove a educação de crianças e jovens do Douro não ficou surpreendida pelo facto de mais de metade dos alunos carenciados não seguirem para o ensino superior.

A instituição de iniciativa exclusivamente privada. que acompanha quase 200 crianças e jovens; 22 dos quais estudantes universitários, sublinha à Renascença o facto de este indicador provar a tese de que são precisas cinco gerações para se sair da pobreza.

De acordo com um documento da Direção-Geral do Ensino Superior que sistematiza a revisão do acesso ao Superior, só 44% dos alunos de escalão A concluíram o secundário e transitaram para o ensino superior.

Em entrevista à Renascença, a coordenadora-geral da Bagos D'Ouro, Inês Taveira, não se mostra surpreendida com os números porque “cada vez temos mais jovens universitários que apoiamos e que apoiamos, até economicamente, para que possam estar deslocados a estudar”. “Portanto, definitivamente, não é uma surpresa”, sublinha.

Por outro lado, Inês Taveira admite que estes números ajudam a provar “a tese de que, para se sair da pobreza, são necessárias cinco gerações”. “Em Portugal ainda há uma ligação fortíssima entre o nível de escolaridade dos pais, e até se fala muito da mãe, em relação ao aproveitamento escolar e académico dos filhos e, portanto, esse elevador social de que tanto se fala em Portugal ainda não funciona. Demora muito tempo a produzir alterações”, sustenta.

A responsável adianta que o trabalho da Bagos D’Ouro existe "para tentar reduzir este prazo”, mas admite que, “para além de mais de metade dos alunos não chegarem ao ensino superior, há também um outro número que causa preocupação, e que é a questão daqueles que podem aceder a um curso de excelência”. “Aí, claramente, a diferença ainda é maior”, acrescenta.

“A Bagos D’Ouro tem este projeto, que pretende combater essas dificuldades através do apoio na educação, sobretudo de jovens carenciados na região do Douro. E neste momento estamos a acompanhar quase 200 crianças e jovens. E quanto aos jovens universitários que neste momento são 22, nós fazemos esse acompanhamento desde o início da escolaridade até a integração na vida ativa”, revela. Atualmente a IPSS está em sete concelhos do Douro, mas alimenta o objetivo de alargar o seu espaço de ação.

"Uma panóplia" de fontes de financiamento

Inês Tavares diz que “a Bagos de Ouro tem uma base de apoio de empresas e de particulares, e desenvolve uma série de campanhas, como é o caso da campanha de consignação de IRS e várias outras ao longo do ano, para diversificar as suas fontes de receitas, para além também de concorrer a fontes comunitárias, sempre que é possível e aplicável".

A ideia, diz a responsável, “é ter uma panóplia de fontes de financiamento muito variada para que possamos continuar e aumentar também o número de crianças e jovens apoiados”.

A Bagos d’Ouro é uma IPSS de iniciativa exclusivamente privada que nasceu em 2010 com a missão de promover a educação de crianças e jovens do Douro, que vivem em situação de carência económica, como forma de inclusão social no território.

Por agora, atua em sete concelhos do Douro - Alijó, Armamar, Mesão Frio, Murça, Sabrosa, São João da Pesqueira e Tabuaço - e desenvolve a sua atividade junto de mais de 200 crianças e jovens e respetivas famílias, num total de cerca de 400 pessoas.

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