22 abr, 2024 - 12:34 • Carla Fino , Olímpia Mairos
A Associação Nacional de Cuidados Continuados não está surpreendida com os números divulgados esta segunda-feira pela Entidade Reguladora da Saúde.
Segundo o relatório, há cada vez mais pessoas à espera de cuidados continuados. Só em lista de espera em 2022, estavam mais de 1.500 utentes.
À Renascença, o presidente da Associação Nacional de Cuidados Continuados, José Bourdain, diz que o anterior Governo esqueceu os cuidados continuados, com falta de investimento o que levou à falência muitas unidades.
“O número de camas aumentou, mas aumentou, muito pouquinho, precisamente porque fecharam no espaço de três anos 300 e tal camas em cuidados continuados, precisamente por falência”, indica.
José Bourdain insiste que “há muitas unidades à beira da falência, neste momento”, assinalando que “era bom que o novo Governo resolvesse o problema”.
Segundo este responsável, há aqui dois tipos de situações, por um lado, o impedimento de os utentes acederem à rede de cuidados e o envelhecimento da população.
“A título de exemplo, uma pessoa que cuja validade do seu cartão de cidadão tinha caducado e não renovou o seu cartão de cidadão já não podia aceder à rede de cuidados. Outro problema, naturalmente, tem a ver com o envelhecimento da população e, portanto, necessita, por sua vez, de mais cuidados de saúde, não só a nível hospitalar como a todos os níveis”, indica.
Nestas declarações à Renascença, o presidente da Associação Nacional de Cuidados Continuados assinala que o envelhecimento da população e a dificuldade no acesso aos cuidados continuados, são problemas que ainda persistem, apesar de um pequeno aumento do número de camas, mas que não é o suficiente.
“É fundamental o bom funcionamento do Serviço Nacional de Saúde, nomeadamente para um bom serviço hospitalar, para o bom funcionamento dos hospitais porque os hospitais não conseguem dar resposta se não tiverem onde colocar os doentes que estão lá e que não deviam lá estar”, observa.
José Bourdain lembra que “há cerca de 10% dos chamados casos sociais internados nos hospitais portugueses, pessoas que não precisavam sequer de lá estar” e alerta que “se não houver uma boa rede de cuidados continuados a funcionar, os hospitais não conseguem libertar doentes e depois, por sua vez, não conseguem ter capacidade de resposta para atender picos de afluência de doentes aos hospitais que vão ser cada vez mais”.
Na visão do presidente da Associação Nacional de Cuidados Continuados, o novo Governo deve investir mais nos cuidados continuados, até para bem do Serviço Nacional de Saúde.
“Seria bom que o Governo cuidasse bem da rede de cuidados continuados”, diz, lembrando que “o Governo anterior desbaratou tudo isso, ou seja, aplicou um garrote financeiro às unidades de cuidados continuados, fez com que muitas fechassem as portas”.