24 abr, 2024 - 09:58 • André Rodrigues
A diretora da Obra Católica Portuguesa de Migrações teme um eventual retrocesso no acolhimento de migrantes e refugiados, depois das eleições europeias de junho.
Questionada pela Renascença sobre o que pode acontecer, caso os partidos de extrema-direita vejam aumentada de forma significativa a representação no Parlamento Europeu, Eugénia Quaresma diz ter dificuldade com “a ideia de que os estados se recusem a acolher”.
No dia em que uma auditoria do Tribunal de Contas Europeu reconhece melhorias - mas recomenda um aperfeiçoamento - no mecanismo de cooperação com a Turquia para o acolhimento de migrantes e refugiados da Síria, a diretora da Obra Católica de Migrações lembra o passado recente, em que alguns estados-membros da União Europeia – como a Hungria, a Eslováquia e a Polónia - adotaram a política de portas fechadas.
Representam um terço do total de pessoas com "back(...)
“Eu gostaria muito que, à luz dos valores que edificaram a União Europeia, conseguíssemos encontrar caminhos de diálogo e de cooperação, até para ajudar a crescer a nossa humanidade e a nossa sociedade”, refere.
Desse ponto de vista, Eugénia Quaresma acrescenta que “este relatório do Tribunal de Contas Europeu ajuda a refletir nisto: quando se constroem escolas e hospitais e se pensa na questão do mercado de trabalho, isso não é só para a população migrante ou refugiada… é para contar com todos os residentes naquele território”.
Para esta responsável, a falta de trabalho sobre esta ideia ajuda a explicar a persistência do problema em muitas sociedades: “não pode haver na sociedade a ideia de que um benefício maior para uns do que para outros… a infraestrutura é criada para todos e todos têm de ter a oportunidade de usufruir”.
“Precisamos de salvaguardar a coesão social, porque o que cria resistências na comunidade é a perceção de que há mais benefício para uns do que para outros”.
Do ponto de vista do discurso político, “isso tem de ser muito claro”, remata.