15 mai, 2024 - 19:49 • João Carlos Malta
O Centro Padre Alves Correia (CEPAC) informa, em comunicado enviado às redações, que está a cooperar com as autoridades nas diligências do caso do menino nepalês, de nove anos, agredido com violência numa escola de Lisboa por um grupo de seis colegas menores. O caso foi avançado em primeiro mão pela Renascença.
"Os factos foram disponibilizados às autoridades competentes, a quem caberá fazer o seguimento da situação", informa o CEPAC na nota escrita.
No mesmo comunicado, a instituição da igreja que apoia imigrantes apela "ao respeito pela privacidade da família e outras partes envolvidas, e em particular das vítimas do episódio sucedido".
O CEPAC, que pertence aos Missionários do Espírito Santo, uma congregação missionária que trabalha sobretudo em África, considera ser da maior importância uma maior sensibilização da sociedade portuguesa e um debate responsável e construtivo na opinião pública "sobre estes fenómenos de violência, discriminação, racismo, xenofobia, alertando para a sua existência".
Na missiva de cinco parágrafos, a instituição que denunciou o caso de violência racista e xenófoba, diz que "é urgente, enquanto sociedade, trabalharmos juntos no combate a manifestações e comportamentos desta natureza, e na identificação de situações de risco".
Notícia Renascença
A diretora executiva de uma instituição da Igreja,(...)
Por fim, diz que o foco daquela instituição estará, sempre, "no acompanhamento a pessoas migrantes em situação de vulnerabilidade e exclusão social". E acrescenta: "Estaremos empenhados na prevenção e na desconstrução de narrativas que incitam à violência dirigida a pessoas imigrantes, entre outros grupos estigmatizados."
Na terça-feira, a Renascença noticiou que um menino de nove anos, de nacionalidade nepalesa, foi agredido com violência por outros colegas numa escola de Lisboa, no início deste ano.
O caso ocorreu há cerca de dois meses. “O filho de uma senhora acompanhada pelo CEPAC, que tem nove anos, e que é uma criança nepalesa, foi vítima de linchamento no contexto escolar por parte dos colegas. Foi filmado e divulgado nos grupos do WhatsApp das crianças”, descrevia Ana Mansoa, diretora-executiva da instituição, que prefere não divulgar o agrupamento em que tudo aconteceu uma vez que a família ainda recorda a sucedido com medo e apreensão.
Os vídeos das agressões, conta a mesma fonte à Renascença, já não estão disponíveis na aplicação.
Câmara de Lisboa
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No ataque, segundo o que foi descrito pela diretora-executiva do CEPAC, foram proferidas palavras racistas e xenófobas das crianças agressoras em relação à vítima.
Ana Mansoa afirmou que a criança foi agredida também verbalmente com “nomes que não posso proferir”, a que se somaram frases como “vai para a tua terra”, “tu não és daqui”, “não queremos nada contigo” e “mais coisas que não posso dizer”.
O ataque terá sido perpetrado por cinco colegas da vítima e mais um que fimou as agressões. Apenas um terá sido suspenso por três dias pela direção da escola.