Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Tensão entre polícia e ativistas pró-Palestina na celebração em Lisboa da fundação de Israel

22 mai, 2024 - 22:15 • Lusa

A entrada dos convidados para a cerimónia processou-se pelas traseiras do Cinema São Jorge, para onde alguns manifestantes ainda conseguiram atirar sacos com tinta, que acertaram nalguns dos convidados.

A+ / A-

Cerca de duas centenas de ativistas pró-palestinianos, rigorosamente controlados pela polícia de intervenção portuguesa, manifestaram-se contra as celebrações do 76.º aniversário da fundação do Estado de Israel, no centro de Lisboa.

O protesto junto ao Cinema São Jorge, convocado pela Plataforma Unitária em Solidariedade com a Palestina (PUSP), foi acompanhado por um forte contingente policial, iniciado com a Equipa de Intervenção Rápida (EIR) e, depois, pelo Corpo de Intervenção da PSP, sem registo de confrontos até ao momento.

A entrada dos convidados para a cerimónia de celebração dos "76 anos da independência" de Israel, organizada pela embaixada israelita em Lisboa, inicialmente prevista para a entrada principal do cinema, processou-se pelas traseiras do "São Jorge", para onde alguns manifestantes ainda conseguiram atirar sacos com tinta, que acertaram nalguns dos convidados.

A decisão de fazer entrar os convidados pelas traseiras do cinema foi tomada pela polícia, depois de dezenas de manifestantes se prostrarem defronte da entrada principal, do lado na Avenida da Liberdade.

Aos poucos, e no meio da alguma tensão face à presença das diferentes unidades da polícia de Segurança Pública (PSP), os manifestantes, ao aperceberem-se de que os convidados estavam a entrar pelas traseiras do edifício, também tentaram chegar ao local.

Embora alguns ativistas pró-palestinianos se mantenham diante do cinema, a maioria acabou por concentrar-se já no Largo Jean Monet, nas proximidades do edifício, onde se sentaram e continuaram a gritar palavras de ordem contra Israel.

Empunhando bandeiras palestinianas e cartazes de protesto, os manifestantes gritaram palavras de ordem como "viva a luta do povo palestiniano", "os 76 anos são de roubo e de chacina", "[Carlos] Moedas (presidente da câmara municipal de Lisboa) patrocina propaganda assassina" ou "Sionismo é violência, Palestina é resistência", além de referências aos 76 anos de "ocupação, apartheid (regime de segregação racial], roubo de terras e de genocídio".

O protesto organizado pela PUSP e também pelo Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM) continuou a partir das 20:00 com uma vigília que visa denunciar a "expulsão de milhões de pessoas palestinianas das suas casas e terras, assim como uma ocupação mortífera de quase oito décadas, sobre as quais teve base a fundação do Estado de Israel".

A vigília conta com intervenções de uma "refusenik" (judeus ativistas e objetores), de duas pessoas palestinianas e de um membro do coletivo "Judeus pela Paz e pela Justiça", mantendo depois disso o habitual formato de microfone aberto.

Em declarações à agência Lusa, Júlia Branco, ativista política pró-palestiniana, considerou "vergonhoso" que a Câmara Municipal de Lisboa e o cinema de São Jorge "deem palco a assassinos" e "a pessoas que estão a matar crianças, pessoas completamente inocentes, aos milhares". .

"Acho vergonhoso que a nossa cidade [Lisboa] dê palco a estas pessoas. Mas fico feliz de ver aqui tantas pessoas a resistirem e a denunciarem este crime de que Portugal está a ser cúmplice", acrescentou.

"Acho ridícula a presença de um forte contingente policial, quando são só pessoas a manifestarem-se pacificamente contra algo que me parece básico, alimentar a dissidência humana", prosseguiu.

Questionada pela Lusa sobre a decisão anunciada hoje pela Espanha, Noruega e Irlanda de reconhecerem a 28 deste mês a Palestina como Estado independente, Júlia Branco defendeu que Portugal deveria fazer o mesmo.

"O governo português tem de reconhecer o Estado da Palestina já! Espanha já o fez, a Irlanda já o fez, a Noruega já o fez. Não sei do que é que está Portugal à espera", concluiu.

Saiba Mais
Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Petervlg
    24 mai, 2024 Trofa 07:59
    Sou contra a guerra, seja ela qual for, mas pessoas esquecem-se que a Palestina, protege os elementos do hamas, esconde-os, e foram estes, que começaram esta guerra, que entraram em Israel e mataram famílias, que estavam nas suas vidas, inclusive pessoas, jovens, que estavam num concerto de musica e mataram indiscriminadamente. será que o povo não se lembra?

Destaques V+