28 mai, 2024 - 10:55 • João Cunha
Foram poucos os autocarros dos TST, agora amarelos por estarem integrados na Carris Metropolitana, a passar, por exemplo, na zona da Cruz de Pau, no Seixal, esta terça-feira. Os poucos que circularam chegaram lotados às paragens, onde quem esperava queria ir para o Laranjeiro ou para Cacilhas, para daí poder recorrer ao Metro de superfície e seguir viagem.
Concentrados à porta da estação de recolha dos TST no Laranjeiro, dezenas de motoristas acompanhavam à distância os efeitos da paralisação, que termina ás três da madrugada de amanhã.
Fernando Farinha tinha uma consulta de cardiologia, esta manhã, no Hospital, marcada há meses. Chegou a arfar a uma das paragens, depois de uma caminhada matinal forçada.
"Meia hora desde lá abaixo até aqui. Estive na paragem 35 minutos à espera e desisti, vim a pé. Agora quero ir para o Hospital Garcia de Orta, e estou aqui à espera para ver se passa algum. O chamado fura-greves".
Mas não passou nenhum que o levasse ao seu destino. Ali ao lado, agarrado ao telefone para ver se consegue uma boleira está António Barata, que confessa que o filho "deve ter-se esquecido do telefone em casa e por isso não atende".
Sabia do plenário de ontem, de onde saiu esta greve dos TST. Só não sabia da paralisação.
"A greve é que eu não pensava que fosse para a frente. Houve um plenário, não se entenderam e quem paga somos nós", lamenta, admitindo, contudo, que os grevistas têm todo o direito a parar.
"Estamos num estado de direito e não de torto, não é?"
A tentar ouvir a conversa está Teresa Tavares, sentada num dos bancos de uma paragem na rotunda da Cruz de Pau, por cima da nacional 10. Faz contas á vida, porque queria ir ter com o filho, a Lisboa, e não sabe o que fazer.
"Nem sei. Se quer que lhe diga... Para ir tenho de lá ficar, porque se quiser voltar á tarde, tenho o mesmo problema. É tanta para mim já, tanta confusão", queixa-se, não tivesse ontem feito 93 anos de vida.
A paralisação, de 24 horas, repete-se a 5 e a 25 de junho.