Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Greve encerra museus e monumentos

30 mai, 2024 - 11:30 • João Cunha

Adesão à greve dos trabalhadores de museus e monumentos, que exigem pagamento de horas extraordinárias e de trabalho em dias feriados, rondará entre os 90 e os 100 por cento.

A+ / A-

Está a ter um forte impacto, a greve dos trabalhadores de Museus e Monumentos, na manhã desta quinta-feira em Lisboa. Em declarações à Renascença, Catarina Simão, membro do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas, admitiu que entre 90 e 100 por cento dos trabalhadores aderiram ao protesto.

A greve visa "exigir a regularização do pagamento do trabalho suplementar e em dias feriados, e reafirmar a necessidade da valorização do trabalho prestado nestes dias, do cumprimento dos horários de trabalho e dos seus limites legais".

A prova do descontentamento dos trabalhadores é a adesão à greve, segundo Catarina Simão.

"Os Jerónimos estão encerrados, a torre de Belém está encerrada, o Picadeiro Real também. O museu de Arte Antiga está encerrado, a Fortaleza de Sagres também encerrará, o Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo, em Évora, também estará encerrado", revela a responsável do sindicato, indicando que no Museu dos Coches, "terá havido uma decisão de reforçar os elementos de uma empresa de segurança privada a substituir trabalhadores em greve para poder abrir portas".

Esta situação ia ser verificada ao final da manhã pelo piquete de greve.

A Museus e Monumentos rejeita esta acusação e diz "que não houve tentativa de substituição de funcionários", estando o Museu assim como o Picadeiro encerrados desde a manhã.

O Conselho de Administração da Museus e Monumentos de Portugal, EP, assumiu no início de abril que já tinham apurado todos os pagamentos em falta relativamente ao trabalho suplementar e ao trabalho em dia feriado. E, nessa altura, assumiu que ainda durante abril a regularização dos valores seria feita. Só que em comunicado, a Federação de Sindicatos de Trabalhadores em Funções Públicas adiantou que a maioria desses pagamentos ainda não foram feitos.

Outra das reivindicações dos trabalhadores dos museus e monumentos é o cumprimento dos horários de trabalho e dos seus limites legais.

"No Museu de Arte Antiga, por exemplo, há períodos em que os funcionários estão a trabalhar seis dias por semana, com um dia de descanso semanal, por falta de pessoal", denuncia Catarina Simão, que lembra que "a admissão do recrutamento feito em novembro de 75 postos de trabalho" não conseguiu resolver o problema da falta de pessoal.

Para a sindicalista, a decisão política de extinguir a Direção-Geral de Património Cultural e criar uma entidade pública empresarial é meramente economicista.

"É para rentabilizar e não olhar a quê. Só que convém não esquecer que os trabalhadores também são património".

Turistas surpreendidos

Ainda antes das 8h00, já algumas dezenas de turistas faziam fila à porta do Mosteiro dos Jerónimos. Das dezenas rapidamente passaram às centenas, que á medida que se protegiam do sol, iam esperando pela hora habitual de abertura. Só que pelas nove e meia da manhã, um funcionário de uma empresa de segurança de serviço no local veio colocar uma placa do tamanho A4, onde se lia que o monumento estava encerrado por motivo de greve.

Na fila, o único grupo de portugueses era uma família do Seixal, com várias crianças, que iam começar o dia de aniversário de um dos elementos com uma visita aos Jerónimos.

"Agora nem sabemos muito bem o que fazer", dizia a aniversariante, que conhecendo a zona, ia tentar a sorte no Museu da Marinha ou no planetário, ambos a escassas dezenas de metros.

Já os estrangeiros, meio desolados, tinham apenas uma preocupação: como reaver o dinheiro do bilhete. Muitos regressam a casa amanhã e partem sem ter podido visitar aquele que é o monumento mais visitado em Portugal.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Maria
    30 mai, 2024 Palmela 11:21
    Falaram tanto do sebastiao" ao ponto que as pessoas trocaram tudo!

Destaques V+