14 jun, 2024 - 17:51 • Pedro Mesquita
Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, considera demasiado ambiciosa a meta apontada pelo ministro da Educação, Fernando Alexandre: reduzir em 90% o número de alunos sem aulas até dezembro.
Ainda assim, Filinto Lima deteta algumas medidas que podem fazer parte da solução.
Em declarações à Renascença, destaca: “A partir de agora os diretores podem pedir diariamente pedir ao Ministério da Educação a substituição de professores, a redução dos horários incompletos e temporários, e a longo-prazo, a atribuição de bolsas a alunos que ingressem em licenciaturas ou mestrados em Ciências da Educação. “
Em todo o caso, nota: “[A meta de 90%] parece-me muito ambiciosa, mas iremos ver em dezembro. Faremos contas e veremos se o ministro atingiu ou não o seu objetivo.”
Filinto Lima levanta também dúvidas quanto ao sucesso dos incentivos para contratar professores reformados. Acredita que a medida terá pouca adesão, apesar de poderem juntar 750 euros à pensão de reforma.
“É uma ideia que vai cativar pouquíssimos professores. Essa ideia, sendo positiva, vai permitir que alguns professores, muito poucos na minha opinião, possam de facto ficar nas escolas para além da sua aposentação. Conheço casos em que isso acontece. A maioria não quererá. Até porque a maioria está desgostosa, triste, cansada e exausta”, afirma.
Programa +Aulas +Sucesso quer reduzir em 90% as si(...)
Já o secretário-geral da Federação Nacional da Educação reconhece a existência de medidas “positivas”, mas considera que “não é com base num powerpoint ou numa apresentação” que se pode fazer a avaliação.
Entre as medidas positivas está “retirar aos professores todas as tarefas burocráticas e administrativas parece-me extremamente positivo, é algo que nós andamos a dizer desde há anos a esta parte”, diz Pedro Barreiros, que avalia ainda como “extremamente positiva” a contratação de mais técnicos, “porque as escolas estão deficitárias de recursos humanos”.
O responsável acrescenta que algumas medidas propostas esta sexta-feira, como “o recurso a professores aposentados” e “a possibilidade de prolongar o período de exercício da profissão”, carecem de negociação, para se perceber o verdadeiro alcance.
Questionado pela Renascença se 750 euros acrescidos à pensão de reforma não são suficientes para cativar professores a continuar a dar aulas, Pedro Barreiros admite que não sabe.
“Aquilo que nós vamos percebendo é que aqueles que estão neste momento a exercer a profissão querem, a todo o custo, sair da profissão porque dizem não aguentar mais”, descreve.
O Governo anunciou, esta sexta-feira, um conjunto de medidas para combater a falta de professores no SNE. Executivo pretende recorrer a doutorados, imigrantes e alargar horas extraordinárias para colmatar falhas.
[notícia atualizada às 19h45 com declarações de Pedro Barreiros]