18 jun, 2024 - 12:56 • Fátima Casanova , com Lusa
A população residente em Portugal aumentou em 2023, pelo quinto ano consecutivo, ultrapassando 10,6 milhões, anunciou esta terça-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE).
Em 31 de dezembro, a população residente no país foi estimada em 10.639.726 pessoas, mais 123.105 do que em 2022.
"O acréscimo populacional resultou de um saldo migratório de 155.701 pessoas (136.144 em 2022), que compensou o saldo natural negativo, de -32.596 (-40.640 em 2022)", de acordo com o INE.
Em 2023, em consequência do aumento da natalidade, o número médio de filhos por mulher em idade fértil aumentou para 1,44 filhos, contra 1,42 em 2022.
O envelhecimento demográfico em Portugal "continuou a acentuar-se", notou o Instituto. Em 2023, o índice de envelhecimento, que compara a população com 65 e mais anos com a população dos zero aos 14 anos, atingiu o valor de 188,1 idosos por cada 100 jovens (184,4 em 2022).
"A idade mediana da população residente em Portugal, que corresponde à idade que divide a população em dois grupos de igual dimensão, passou de 46,9 anos em 2022 para 47,1 anos em 2023", referiu o INE, ao divulgar as estimativas da população residente.
Do total de residentes no país no final do ano passado, 5.083.568 eram homens e 5.556 158 mulheres.
O aumento de 123.105 pessoas relativamente a 2022 representa uma taxa de crescimento efetivo 1,16%, face a 0,91% em 2022, segundo a mesma fonte.
De acordo com o INE, o aumento do número de residentes, que acontece pelo quinto ano consecutivo, resulta do fluxo migratório, onde estão incluídos os refugiados ucranianos, que fugiram da guerra.
Em declarações à Renascença, o presidente da Associação Portuguesa de Demografia diz que esta situação “pode tirar alguma animação na análise dos dados” revelados pelo INE. Paulo Machado alerta para o facto de “os ucranianos, como o estatuto o define, estão temporariamente no país e se saíssem, parte deste aumento desaparecia”.
Paulo Machado explica que “estamos a aumentar a população à conta do saldo migratório, ou seja, do número de pessoas que entra no país, que é superior ao número de pessoas que sai do país, mas não à conta do saldo natural, isto é, não estamos a aumentar a população por força do número de nascimentos ser superior ao número de óbitos, porque isso não está a acontecer”.
Paulo Machado chama a atenção para o facto de que “desse incremento, que foi na ordem das 123.000 pessoas, mais de 44% têm mais de 70 anos”.
O presidente da Associação Portuguesa de Demografia defende que Portugal “precisa dos imigrantes”. No entendimento de Paulo Machado é preciso, por isso, “definir o que se quer do ponto de vista de política migratória para o país”.
Para este responsável, “a questão é saber como estamos a receber essas pessoas, já sabemos que o contributo é bom para o aumento da população e depois é preciso ver as condições de vida dessas pessoas e todos os problemas que se podem colocar, desde logo a clarificação da sua situação, da legalidade ou não da sua presença em Portugal”.
Paulo Machado insiste que a leitura dos números tem de ser feita de forma “prudente” e como sinal de preocupação destaca que, de 2022 para 2023, Portugal “perdeu 10.000 jovens entre os 10 e os 14 anos”, uma quebra “na estrutura demográfica altamente preocupante”, como considera este responsável, que acrescenta que “já tínhamos perdido 2.000 jovens da variação de 2021 para 2022, já tínhamos perdido 2.500 na variação de 2020 para 2021 e 4.500 de 2019 para 2020”.
Joana Malta, do Departamento de Estatísticas Demográficas do INE, refere à Renascença que “é um facto que temos uma população envelhecida: o índice de envelhecimento em Portugal é de 188”, ou seja, por cada 100 jovens com menos de 14 anos, em 2023, tínhamos 188 pessoas com mais de 65 anos.
Esta responsável avisa que o número de pessoas idosas “tende a aumentar, porque a esperança média de vida está a aumentar, as pessoas estão a morrer mais tarde”. Ao mesmo tempo, Joana Malta aponta que “há também uma imigração de pessoas mais velhas”.
[notícia atualizada]