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Rock in Rio. Roberta Medina reconhece falhas e promete melhorias na alimentação e acessos

20 jun, 2024 - 10:00 • José Pedro Frazão

Diretora do evento confirma à Renascença que vai mexer nos acessos, alimentação e gestão do público. Medina justifica problemas com a transposição do festival para um espaço diferente e maior oferta cultural. No próximo fim-de-semana o estacionamento vai ser mais condicionado para evitar caos nas saídas.

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Uma hora com Roberto e Roberta Medina. "Rock In Rio no Parque Tejo será o maior festival da Europa"
Uma hora com Roberto e Roberta Medina. "Rock In Rio no Parque Tejo será o maior festival da Europa"

Estacionamento, alimentação e circulação. São estes os três eixos de intervenção reforçada para o segundo fim-de-semana do Rock In Rio Lisboa.

Roberta Medina e a sua equipa já analisaram as razões pelas quais o primeiro fim-de-semana do Rock In Rio Lisboa teve deficiências de organização, sobretudo com extensas filas no recinto e também nos acessos ao Parque Tejo.

"No próximo fim-de-semana, voltamos a aumentar as equipas de apoio para fazer fluir a circulação dentro das casas de banho. Os operadores de comida estão reforçando as suas operações. A polícia vai trabalhar o trânsito de forma mais forte. O shuttle já está a operar perfeitamente. Haverá uma redistribuição do local dos carros das plataformas digitais, que também ficaram atravancando um pouco a rua. Está a ser organizando com a polícia um local para onde se possam direcionar", resume Roberta Medina, em entrevista à Renascença.

Apesar de sublinhar que o festival fica também marcado por coisas muito positivas, incluindo uma nova configuração de palco enquadrada com o Rio Tejo e a Ponte Vasco da Gama, a mulher-forte do Rock In Rio Lisboa assume que há aspetos a melhorar já para este fim-de-semana.

"Também não gostamos de filas", assume a filha de Roberto Medina, justificando-se com uma "nova casa" depois de duas décadas instalados no Parque da Belavista. "Estamos a aprender muitas coisas em relação a esta nova casa", assegura Medina, revelando desde logo que a polícia vai impedir o estacionamento nas artérias entre Parque das Nações e o Parque Tejo a quem não seja residente na zona.

"O que atrapalhou a saída? O público que levou o seu carro para o Parque das Nações. Nas imagens parece que o mundo ia acabar. Os as pessoas largaram os carros em qualquer buraco, em qualquer calçada e, na saída, trancou o trânsito", explica Roberta Medina que, de imediato, começou um trabalho com as autoridades para uma melhor gestão do espaço externo.

Quem quer ir de carro, deve usar os parques oficiais de estacionamento. A aposta mantém-se nos transportes públicos e no 'shuttle' que leva as pessoas ao recinto.

"Muita gente não acreditava que o 'shuttle' daria certo e foi uma operação impecável. No primeiro dia, no sábado, por alguma descrença não estavam todos as unidades lá. E depois regularizou-se o acesso das pessoas e a saída foi pacífica", relata a empresária brasileira, residente em Portugal.

Um problema de educação

Medina considera que a mudança de localização do Rock In Rio Lisboa representa uma oportunidade para corrigir um comportamento errado criado na "casa antiga" do festival.

"Na Belavista, depois do Metro ter deixado de fazer os horários estendidos - esse ano já está fazendo de novo - as pessoas perderam a confiança no transporte público. Então acham mais cómodo ir de carro. Não é verdade que os portugueses só andam de carro. O shuttle está incrível, está funcionando, as pessoas aderiram", assegura a mulher que lidera a edição portuguesa do Rock In Rio.

Roberta Medina chama a atenção de que os parques de estacionamento oficiais, situados a 20 minutos do recinto, não estavam cheios "porque as pessoas largavam o carro na calçada".

A diretora do festival apela à utilização de transportes públicos - " a estação de comboios de Sacavém deu conta do recado" - para que as pessoas não deixem os carros mal estacionados nos passeios.

"Posso falar por experiência própria. Saí de lá no sábado eram mais de 2 da manhã, já tinha o público ido embora, e fiquei 40 minutos para chegar a um lugar onde eu chego em 7 minutos.

Porquê? Porque as pessoas estavam com os carros atravancando os passeios. É uma questão de comportamento", sustenta Medina.

Alimentação reforçada

Dentro do recinto, Roberta Medina reconhece problemas de filas para alimentação e nas casas de banho para os 80 mil festivaleiros em cada um dos dias.

"Eu tenho uma oferta maior, com melhor visibilidade e acesso do público. Isso gerou as filas. Os próprios operadores de alimentação estão a preparar-se para uma capacidade maior de venda para esse fim de semana", explica Roberta Medina na esperança de um fim-de-semana menos complicado. "Vi a fila do pão com chouriço e pensei como é que aquele senhor ia vender mais pão com chouriço porque a fila era uma loucura, o que não acontecia em outras edições".

A operação de alimentação é providenciada por operadores individuais de pequenas empresas. A organização pondera mudar o modelo para uma lógica mais massificada de fornecimento de refeições.

"Vamos ter que avaliar para a próxima edição - porque não daria para agora - se vamos ter que fazer uma operação como no Brasil, um pouco mais industrial, onde operamos não com unidades móveis, mas com bares gigantescos e operações de cozinha mais agressivas para poder ter uma operação maior. Com a referência que tinhamos até hoje da Belavista, não fazia o menor sentido", justifica Medina.

Mais apoio nas casas de banho

Em muitas situações, o problema esteve na falta de gestão do público num espaço e num evento diferente em relação ao modelo que existia no Parque da Belavista.

"Temos mais 40% de casas de banho e o povo reclama por filas na casa de banho. Como aumentámos 40% nas casas de banho, não estávamos a pensar que iria sequer ser uma questão e então tivemos menos equipas de apoio. O desconhecido traz essas coisas. Vamos ter um reforço gigantesco de equipas de gestão. Por exemplo, nas casas de banho, se havia 2 pessoas, agora quero 8 pessoas de apoio para cada casa de banho, indicando que as cabines estão vazias porque simplesmente fica atravancado, porque a pessoa pára antes", explica Roberta Medina, lembrando que esse trabalho de orientação dos festivaleiros é feito no Brasil e já aconteceu em Portugal.

As propostas do fundador (incluindo chapéus de sol)

Por seu lado, Roberto Medina confessa que vai fazer um relatório com sugestões de melhorias no Parque Tejo dirigido à filha Roberta Medina. O fundador do festival propõe mais sinalização, informação digital e a criação de algumas sombras artificiais num parque que os participantes não conhecem neste formato.

" Primeiro, as pessoas começam a ambientar-se ao espaço. Isso é uma coisa que vai acontecer no próximo festival.Eu sugeri à Roberta fazer grandes guarda-chuvas gigantes, coloridos, para o sol e para termos mais áreas de sombra. E tem que haver mais sinalização até que as pessoas se acostumem. Há ainda a dimensão de informatização para a pessoa saber se a casa de banho está vazia, o que também é importante", sugere Roberto Medina que tem por hábito percorrer o recinto para tomar nota de detalhes a melhorar no festival.

Pode ler esta sexta-feira na íntegra uma entrevista de fundo a Roberto e Roberta Medina, que passa em revista os 20 anos do Rock In Rio Lisboa e os 40 anos desde o primeiro Rock In Rio no Brasil.

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  • Armindo Silva
    20 jun, 2024 Alverca 15:23
    Boa tarde. Depois de um fim de semana caótico no rock in rio,tudo se pode dizer ao ponto de dizer que temos vários aspetos a melhorar. Deixo aqui sugestões a melhorar no futuro, sábado e domingo quando havia a deslocação massiva de público de um palco para o outro,o pó era tanto que nem se conseguia ver o chão, que tal arranjar uma outra solução para resolver o problema do tout venant que se ira levantando á medida que as pessoas iam passando,as próprias cadeiras de rodas elétricas não tinham aderência ao piso. Uma outra em vez de terem só uma entrada para os festivaleiros deviam ter duas. Em relação á sombra nem se fala não existe 😞 A posição do palco mundo é péssima para quem fica mais acima,o som é muito mau e a visibilidade é péssima. Fica a opinião de quem teve lá nos 2 primeiros dias e que percorreu 37 km dentro do recinto nos dois dias. Cumprimentos Armindo Silva

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