03 jul, 2024 - 14:52 • Fábio Monteiro
Há ainda muitas incógnitas quanto ao que aconteceu, esta quarta-feira, no naufrágio da traineira Virgem Dolorosa, ao largo das praias de São Pedro de Moel e de Vieira de Leiria. Três pescadores morreram, onze foram resgatados e três estão ainda desaparecidos.
A embarcação – moderna, segura, equipada com equipamentos de salvamentos, afiançaram alguns pescadores à “RTP” – partira para o mar, como em qualquer outro dia, acompanhada por outras traineiras. Nem as condições meteorológicas nem a ondulação apresentavam sinais de poderem condicionar os trabalhos.
A Autoridade Marítima Nacional (AMN) já abriu um inquérito de sinistro marítimo.
José Sousa Luís, porta-voz da AMN, atestou:
"À partida, esta ondulação que estamos aqui a sentir não é suficiente para a embarcação ter naufragado. Não estão condições oceanográficas muito adversas.”
Segundo Cervaens da Costa, comandante da capitania do porto da Figueira da Foz, a embarcação dedicava-se à pesca costeira.
O alerta de adornamento da embarcação – por outras palavras, virou – foi dado às 04h33 para o comando local da Polícia Marítima da Nazaré.
"A embarcação estava no exercício da sua atividade, em conjunto com as outras e, de um momento para o outro, virou. Não se sabe as razões, não se sabe nada, virou", disse António Lé, presidente da Organização de Produtores da Figueira da Foz, à Lusa.
"Nada justifica o que aconteceu.”
Após a traineira se ter virado, as embarcações que se encontravam nas proximidades "largaram a pesca e foram em socorro". Duas das vítimas mortais foram transportadas para a Nazaré e a outra para a Figueira da Foz.
"Conseguiram resgatar 11 tripulantes, três mortos, dois dos quais foram para a Nazaré. Um desembarcou numa embarcação que se chama Nossa Senhora da Lapa, da Figueira da Foz, que também recolheu dois tripulantes resgatados com vida. Os outros foram trazidos por colegas", contou António Lé.
A tripulação da traineira Virgem Dolorosa era composta por 17 pescadores: dois de nacionalidade indonésia, 15 portugueses, com idades entre os 20 e os 60, todos residentes no município da Figueira da Foz.
Dos 11 pescadores resgatados, um dos quais em estado grave, sete foram encaminhados para o Hospital Distrital da Figueira da Foz.
Em declarações aos jornalistas, após uma visita ao hospital, o autarca Pedro Santana Lopes revelou que os pescadores, entre eles o mestre da embarcação, estão em estado de choque e não conseguem falar sobre o que se passou.
O ferido mais grave tem 57 anos e irá ainda hoje ser transferido para a Unidade de Cuidados Intensivos dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC).
O local onde a Virgem Dolorosa virou está sinalizado. A embarcação, com 24 por seis metros, continua visível. As operações de busca e salvamento contam com a ajuda de um helicóptero da Força Aérea, um drone e uma equipa de mergulho.
As operações estão ao cuidado da Polícia Marítima da Nazaré. Devem decorrer, pelo menos, durante as próximas 48 horas.