Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Após anos de silêncio, PGR dá entrevista antes de ir ao Parlamento

05 jul, 2024 - 16:59 • Marta Pedreira Mixão

A entrevista que Lucília Gago dará à RTP, anunciada depois de conhecida a sua ida ao Parlamento, ocorrerá antes de ser ouvida pelos deputados.

A+ / A-

A procuradora-geral da República (PGR) vai dar uma entrevista à RTP na próxima segunda-feira, às 21h00. Pela primeira vez, Lucília Gago deverá ser questionada sobre os casos mais polémicos que envolvem o Ministério Público (MP) - entre os quais a Operação Influencer, várias escutas a políticos, violações do segredo de justiça e o combate à corrupção.

Esta entrevista será conduzida pelo jornalista Vitor Gonçalves.

O parlamento aprovou na quarta-feira, sem votos contra, requerimentos do PAN e do Bloco de Esquerda para que a procuradora-geral da República seja ouvida em Comissão de Assuntos Constitucionais sobre a atuação do Ministério Público.

A PGR tem sido questionada na sequência da operação Influencer, que levou à demissão do primeiro-ministro António Costa e à queda do Governo, e por fugas de informação no Ministério Público.

Os pedidos de audição chegaram depois da divulgação das escutas por parte dos meios de comunicação, o que levou a própria Procuradoria-Geral da República a abrir um inquérito para investigar as fugas de informação.

Os deputados aprovaram a audição de Lucília Gago com caráter de urgência, sendo, por isso, esperado que a mesma seja realizada nas próximas semanas, antes da interrupção dos trabalhos parlamentares para férias do verão.

De acordo com entendimento dos deputados, a audição, em princípio, deverá decorrer à porta aberta.

Por sua vez, o requerimento apresentado por Inês de Sousa Real, teve as abstenções do Chega e da Iniciativa Liberal. A deputada do PAN referiu as várias “violações do segredo de justiça com graves prejuízos para as pessoas envolvidas” e a necessidade de reforço da transparência da ação do Ministério Público.

“O parlamento não pode virar a cara a estas situações. Estão em causa os direitos e garantias dos cidadãos”, argumentou.

Há meses que se debatia a possibilidade de a PGR ir ao Parlamento e até se faria sentido ou não este escrutínio a um órgão judicial. António Costa, por exemplo, defendia que Lucília Gago não deveria ser chamada para falar sobre casos concretos no Parlamento - “sobretudo se estiverem em curso”.

O ex-primeiro ministro justificou o seu argumento referindo que que existe "um princípio muito claro" na Constituição da República Portuguesa que impõe a "separação de poderes" (executivo, legislativo e judiciário), sugerindo que a chamada de Lucília Gago à Assembleia da República para falar sobre casos concretos violaria esse princípio. Mas, anteriormente também outros procuradores, como Souto Moura ou Joana Marques Vidal, foram ouvidos na Assembleia da República.

Já a segunda figura da hierarquia do Estado, o presidente da Assembleia da República (AR), José Pedro Aguiar-Branco, considerou que Lucília Gago deveria ir ao Parlamento dar explicações sobre os processos que provocaram crises políticas, por forma a evitar um clima de suspeição.

Esta semana a procuradora-geral da República, cujo mandato em outubro, disponibilizou-se para ser ouvida no Parlamento, mas solicitou que a audição fosse realizada depois da conclusão do relatório de 2023 do Ministério Público, "dentro de escassas semanas", apesar do caráter de urgência do requerimento da audição. Assim sendo, a entrevista que Lucília Gago dará a entrevista à RTP, anunciada depois de conhecida a sua ida ao Parlamento, ocorrerá antes de ser ouvida pelos deputados.

Desde 12 outubro de 2018, data em que sucedeu a Joana Marques Vidal, enfrentou várias polémicas, mas em seis anos nunca deu uma entrevista de fundo, apesar de algumas intervenções públicas.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+