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"Decreto-lei chama-nos mercenários". Médicos em Luta rejeitam convite para reunião com ministra

16 jul, 2024 - 01:10 • Anabela Góis

“Nós achamos que a Sra. ministra tem é de negociar e chegar a acordo com os sindicatos", diz à Renascença Helena Terleira, do movimento Médicos em Luta.

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O movimento Médicos em Luta foi convidado para uma reunião, mas não quer ser recebido pela ministra da Saúde, Ana Paula Martins.

Em declarações à Renascença, Helena Terleira, dos Médicos em Luta, explica que o movimento não é um sindicato e, por isso, não tem legitimidade para negociar com o Governo.

O seu único objetivo é dar força aos sindicatos e pedir à ministra da Saúde que chegue a acordo com o SIM e a FNAM, os sindicatos que representam o setor.

“Nós somos um grupo de médicos que discute num fórum médico aquilo que nós achamos que é melhor para o SNS, o que nós achamos que são as medidas mais corretas para reter médicos no SNS e o nosso intuito foi sempre, desde o primeiro momento, dar força aos sindicatos para que eles negociem com a Sra. ministra”, explica Helena Terleira.

“Nós achamos que a Sra. ministra tem é de negociar com os sindicatos. Tem de chegar a acordo com os dois sindicatos, têm de pôr na mesa das negociações aquilo que são as nossas reivindicações”, sublinha.

As reivindicações do movimento são conhecidas, mas, segundo Helena Terleira, têm ficado fora das negociações e o que estes médicos querem é que sejam de novo consideradas.

“A revisão das grelhas salariais, a redução para as 35 horas semanais, a integração dos internos nas carreiras, a reposição dos dias de férias, a revisão dos contratos dos colegas pré-2012, que são os colegas mais prejudicados ao de todas estas negociações e, portanto, este caderno de encargos que tem estado arredado da mesa das negociações é que tem de voltar à mesa das negociações. Nós não temos qualquer legitimidade até para reivindicar junto da Sra. Ministra. O nosso papel é dar força aos sindicatos.”

A porta-voz do Movimento Médicos em Luta considera, também, insultuoso o decreto aprovado pelo Governo, que prevê incentivos para horas extraordinárias, para além das obrigatórias por lei, em blocos de 40 horas.

Helena Terleira diz que foi mais um motivo que levou os médicos a assinarem a carta aberta à ministra da Saúde.

“Nós consideramos este decreto-lei quase insultuoso. Este decreto-lei, basicamente, chama-nos mercenários. A cada bloco de 40 horas extra a mais temos uma benesse. Isto é profundamente insultuoso para uma classe, que tem manifestado desde sempre uma dignidade e um comportamento completamente éticos. E esta medida do Governo levou os médicos a sentir-se revoltados e com mais vontade de assinar a carta aberta e a manifestar a sua indisponibilidade para fazer mais horas extras”, conclui a porta-voz dos Médicos em Luta.

A ministra da Saúde mostrou-se disponível para ouvir os representantes dos 600 médicos que assinaram uma carta aberta a dizer que não fazem mais horas extra para além das previstas na lei se não houver acordo com os sindicatos.

"As negociações são isso mesmo. Cada vez que damos um passo de aproximação tentamos encontrar soluções", disse a ministra, acrescentando que o Ministério da Saúde está disponível para se aproximar "dentro daquilo que é realista a com as possibilidades que tem" face às exigências dos médicos.

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