11 jul, 2024 - 06:30 • Ana Fernandes Silva
"A onda de assaltos tem sido maior" na freguesia de Ramalde, no Porto. "Não só às pessoas, como às casas e aos carros." Quem o garante é Sandra Coelho, que já foi alvo de roubo, mais do que uma vez.
À Renascença, a moradora conta que os assaltantes "roubam tudo o que podem, desde equipamentos, varinhas, vinho..." O que for.
Num dos crimes de que foi alvo, Sandra estava no jardim da sua moradia com a família, durante o dia. "Entraram pelo anexo e levaram uma Playstation" sem que ninguém se apercebesse.
Sandra, juntamente com outros moradores, está a redigir uma carta que será entregue ao Ministério da Administração Interna, para que alguma atitude possa ser tomada no sentido de travar a onda de criminalidade que tem aumentado nos últimos meses.
Nos primeiros cinco meses do ano, houve um aumento da criminalidade geral de 44% em comparação com o período homólogo de 2023, mostram os dados sobre a criminalidade na freguesia de Ramalde, enviados pela Polícia de Segurança Pública (PSP) à Renascença. Entre os crimes mais recorrentes estão os assaltos a propriedades e a estabelecimentos. Já no que concerne à criminalidade violenta e grave, existiu uma diminuição de 25 ocorrências, comparando com o mesmo período homólogo, sendo que percentualmente a diminuição é de 5%.
A poucos metros da casa de Sandra vive Irene Gonçalves. Há cerca de quatro décadas que reside no mesmo edifício de 11 andares e dá voz às preocupações de centenas de vizinhos.
"Fomos assaltados nas arrecadações, em maio, rebentaram com um número enorme de arrecadações à patada" e, "passado um mês, voltaram novamente e assaltaram mais uma".
No momento em que se apercebeu do ato de vandalismo, contactou a polícia, "que apareceu no local dois dias depois".
As escadas dos prédios têm servido de casa para pessoas estranhas aos edifícios. "No último piso que dá acesso à sala de convívio do prédio e que não tem grande movimento, encontramos um colchão, alguém dormia ali e não sabemos como conseguem entrar aqui", conta Irene.
Os repetidos roubos acontecem a qualquer hora do dia e em qualquer lugar. "Até o sino do cemitério de Ramalde roubaram, é inadmissível, ninguém soube mais do sino".
A moradora só encontra uma justificação para a onda de criminalidade. Quando questionada sobre o clima de insegurança que se vive em Ramalde, refere que "desde a altura em que o bairro do Aleixo foi abaixo, há constantemente assaltos".
Posição partilhada por Rosário Guerra, proprietária do café Corcel. Conta que o estabelecimento já foi "assaltado mais do que uma vez" e diz que a maior parte dos crimes são executados por toxicodependentes. "Isto tem a ver, em parte, com o facto de terem deitado abaixo o bairro do Aleixo. Desde aí, os casos de criminalidade têm aumentado", alerta.
"Entraram pelos vestiários dos funcionários para roubar, até já roubaram Coca-cola a uma cliente que estava na esplanada, em plena luz do dia", conta.
Quando comprou o café Corcel, há quatros anos, "a insegurança não era tão grande", diz Rosário Guerra, e não esperava ser assaltada "tantas vezes".
À porta do café, "todas as noites são assaltados dois ou três carros", revela. A empresária chama a atenção para a falta de investimento nas forças de segurança, que até à data não têm tido capacidade de resposta.
Sem soluções por parte das entidades públicas, os moradores e comerciantes de Ramalde dizem que vão recorrer a segurança privada, para tentarem travar a criminalidade.
A Renascença questionou a Câmara Municipal do Porto sobre o assunto. Não recebeu resposta até ao momento.