30 jul, 2024 - 07:37 • Hugo Monteiro , Jaime Dantas
A coordenadora da Comissão de Apoio às Vitimas do Tráfico de Pessoas, irmã Julieta Dias, alerta que "continua a haver muitas situações [de tráfico de seres humanos] no futebol".
No ano passado, a maioria dos casos sinalizados estava relacionado com a modalidade desportiva, ao contrário do que aconteceu em anos anteriores, em que a tabela de denúncias estava essencialmente preenchida com casos no setor agrícola.
Em entrevista à Renascença, a irmã Julieta Dias considera "importantíssimo que quem está à frente dos clubes, os próprios jogadores estarem atentos", de modo a "poderem detectar que aquele é capaz de ser um jovem traficado".
Não existe uma precepção acerca do problema em Portugal, diz a especialista, acrescentando também que os números conhecidos serão subdimensionados face à realidade. O "medo que façam mal à família" é o principal motivo que aponta para que não haja mais denúncias deste tipo de casos.
A coordenadora da Comissão de Apoio às Vitimas do Tráfico de Pessoas conta que, por isso, o trabalho das autoridades acaba por ser, por vezes, inconsequente. "Mesmo quando a nossa polícia consegue desmantelar uma rede, é evidente que os sobreviventes do tráfico têm medo, porque eles são ameaçados", acrescenta.
O mesmo acontece quando os processos acabam por ir a julgamento, os traficantes "arranjam sempre advogados que alegam que não é nada tráfico e portanto pagam uma multa e acabou", queixa-se Julieta Dias.
Ainda assim, a religiosa elogia "plano contra o tráfico e a atuação da Polícia Judiciária(PJ), a Polícia de Segurança Pública (PSP), e da Guarda Nacional Republicana (GNR)".