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Madeira

“Alguns reservatórios não têm água" para "um dia normal de consumo”, diz autarca da Ponta do Sol

29 ago, 2024 - 00:30 • Marisa Gonçalves

Município madeirense foi um dos atingidos pelo incêndio que veio acentuar as dificuldades no fornecimento de água. Autarquia tem apelado a estratégias de poupança até à estabilização dos caudais.

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O abastecimento de água no município da Ponta do Sol, na Ilha da Madeira, agudizou-se após o recente incêndio.

Em declarações à Renascença, a autarca Célia Pessegueiro lembra a orografia difícil da ilha, situação à qual veio juntar-se o fogo que esteve ativo por mais de dez dias.

“A quantidade de água que é fornecida ao concelho, às vezes, não é suficiente para a distribuição. Ainda para mais, com o incêndio foi preciso garantir abastecimento às zonas que precisavam de servir os bombeiros para o combate ao fogo. A situação ainda não estabilizou e alguns reservatórios que abastecem o concelho não têm água de reserva para aguentar um dia normal de consumo”, afirma.

A autarquia tem apelado a estratégias de poupança de água, nesta fase inicial.

“Há a perceção errada de que acabou o incêndio e de que acabaram os problemas. Há uma tentação para as pessoas se livrarem das cinzas e voltarem à sua vida normal. Nesta altura estamos a tentar estabilizar o caudal na rede e a informar as pessoas de que ainda haverá falhas pontuais, até que os reservatórios tenham água suficiente para diferentes picos de consumo, ao longo do dia”, adianta.

Célia Pessegueiro diz estar a trabalhar em articulação com a empresa Águas e Resíduos da Madeira, que trata da gestão, captação e transporte de água, para detetar eventuais ruturas na rede e melhorar o fornecimento.

A presidente da Câmara da Ponta do Sol tem a expetativa de que a situação possa normalizar em breve.

“Contamos que entre esta semana e a próxima consigamos termos aqui uma situação mais estável”, calcula.

A autarca sublinha que o uso deste recurso essencial tem sido sujeito a várias alterações, apontando como exemplo as novas habitações com jardins e piscinas ou ainda a pressão turística.

Célia Pessegueiro admite vir a implementar outras medidas de poupança e lembra que já está em curso a obrigatoriedade de os munícipes terem um depósito de água não tratada que serve para a rega de jardins e ações de limpeza.

Preocupação com chuvas e ordenamento florestal

A presidente da Câmara da Ponta do Sol não esconde também a preocupação com a chegada da próxima época das chuvas

“Até que chova e os terrenos comecem a regenerar e a aparecer alguma vegetação, é um problema. Temos agora um trabalho redobrado de verificar as zonas ardidas. Qualquer limpeza será sempre comprometida com as primeiras chuvas porque arrasta sempre muitas folhas e ramos para as linhas de água”, sustenta.

Num plano mais geral, Célia Pessegueiro adianta que quer aproveitar a ocasião para apostar numa melhor gestão florestal.

“Pretendemos eliminar alguma vegetação invasora e, logo que seja aconselhável, fazer alguma plantação de espécies que possam ter interesse para a população. Acho que devemos regressar à serras e, por exemplo, plantar árvores como castanheiros e nogueiras. São espécies quem mantêm os solos húmidos e não facilitam a propagação dos incêndios”, especifica.

O fogo que deflagrou a 14 de agosto consumiu cerca de 20% do território do município de Ponta do Sol. No total a área ardida atingiu os 5104,1 hectares, de acordo com os dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais.

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