02 set, 2024 - 23:55 • João Pedro Quesado com Lusa
Um metropolitano semiautomático pode tornar-se realidade em Portugal num futuro próximo. A Metro do Porto lançou um concurso público de 72,6 milhões de euros para adquirir 22 novos veículos, mais 10 de opção, que podem permitir a sua condução semiautomática, segundo um anúncio publicado esta segunda-feira em Diário da República (DR).
Em causa está um concurso público para o fornecimento e manutenção de material circulante para a rede do Metro do Porto, com um valor base de 72,6 milhões de euros, dos quais 66 milhões para 22 veículos e 6,6 milhões para mais 10 veículos de opção. Os veículos devem ter uma vida comercial útil mínima de 30 anos.
O caderno de encargos, prevê o fornecimento e a manutenção de 18 dos 22 veículos com CBTC ("Communication Based Train Control", ou Controlo de Comboio com Base em Comunicações, em português).
A Metro do Porto pede que, caso tome a opção de incluir o sistema de automatização em parte dos veículos, este seja projetado "para intervalo mínimo entre veículos de 90 segundos e velocidade máxima de circulação de 80 km/h".
O sistema pedido está no segundo grau de automação na classificação da Associação Internacional do Transporte Público (UITP). Nesse nível, a operação entre as estações é automática - ou seja, a aceleração e travagem -, enquanto o maquinista opera as portas e assume a condução caso detete alguma obstrução na linha ou haja uma situação de emergência.
A empresa apela que a sinalização instalada no loc(...)
As linhas Rosa (São Bento à Casa da Música) e Rubi (Casa da Música a Santo Ovídio) está a ser construída com CBTC, sistema que pode permitir um maior grau de automação.
Os restantes quatro veículos do concurso público terão de ter instalado ATP ("Automatic Train Protection", Proteção Automática de Comboio, em português).
Porém, a transportadora poderá também optar pela instalação de ATP em 10 veículos e CBTC noutros 10, e "neste caso, dois veículos dos 22 fornecidos acumularão ATP e CBTC instalados pelo adjudicatário e fornecidos pela empresa", segundo o caderno de encargos.
Neste concurso público, o fator com a ponderação mais elevada como critério de adjudicação é o design, com 45%, seguindo-se a valia técnica com 30% e o preço no final, com 25%.
Os concorrentes têm até 13 de novembro para apresentar propostas, e, após adjudicação e notificação do visto do Tribunal de Contas, o adjudicatário tem um ano e meio para fornecer o primeiro veículo do total da encomenda, seguindo-se um ritmo de três veículos por mês.
O programa de fundos europeus Sustentável 2030 prevê 34 milhões de euros para a Metro do Porto adquirir até 32 novos veículos, devendo o aviso para a candidatura ser lançado até final do ano, consultou a Lusa.
Em outubro do ano passado, o anterior Governo autorizou a Metro do Porto a gastar até 82,9 milhões de euros para adquirir 22 novas composições, mais 10 de opção, valor que inclui 8,6 milhões para manutenção.
"A aquisição das 22 composições (...) implica a execução financeira em mais de um ano económico, entre 2024 e 2026, inclusive, num montante máximo de 74.242.000,00 euros, valor a que acresce o imposto sobre valor acrescentado à taxa legal em vigor", pode ler-se no texto publicado à data.
Segundo a resolução do Conselho de Ministros, a aquisição de novas composições visa "garantir a frota necessária à operação" da futura Linha Rubi (Casa da Música - Santo Ovídio), bem como "reforçar a oferta na restante rede de transportes".
Os 18 veículos entretanto comprados à chinesa CRRC Tangshan já estão em operação. A Metro do Porto conta ainda com 72 veículos Eurotram (de 2022) e 30 Flexity Swift (de 2010)