07 set, 2024 - 08:30 • Redação
Eram 11h50 e as pessoas já se faziam sentir na entrada principal dos Jardins do Palácio de Cristal.
Quando os ponteiros do relógio se encontraram, a Feira do Livro abriu portas e o longo corredor junto à Biblioteca Municipal Almeida Garrett rapidamente se encheu de famílias e amigos para ver os 130 stands que apresentam milhares de livros, das novidades aos clássicos.
Logo à entrada, cruzamo-nos com Duarte Pereira, de 39 anos. Vendedor na feira há vários anos, garante não se recordar "de ver tanta gente a circular na feira".
Revela que, nas edições mais recentes, tem acontecido uma espécie de "renovação dos leitores" porque o interesse pela camada mais jovem tem crescido ano após ano. "Sentimos que é algo que tem vindo a mudar", garante.
Na zona de alfarrabistas, Susana Fernandes, de 51 anos, é uma das feirantes que marca presença há vários anos.
Garante ainda que a edição deste ano a surpreendeu bastante. "É muito positivo, ao contrário das minhas expectativas. Achei que este ano ia ser um bocadinho abaixo", revela.
O movimento trouxe uma "grande curiosidade" que saltou à vista da vendedora. Conta que, durante a semana, e a tão pouco tempo do encerramento da edição atual, a feira "está com muito mais afluência", algo que não era normal em edições anteriores.
Os jovens são grande parte do público que para no seu stand e, dentro disso, há uma outra curiosidade que a feirante considera "muito bom sinal". "Há muitos clientes, a partir da faixa dos 25 anos, a interessar-se por primeiras edições e por livros mais cuidados", partilha.
"Os jovens estão a ler muito em inglês". É esta a grande conclusão que Maria José Veiga, de 64 anos, tira após duas semanas de feira.
Embora não venda livros sem ser em português na sua banca, garante ficar "sem palavras", em conversa com os mais novos, porque sente que eles "estão a deixar para trás o português". Contudo, vê sempre o outro lado da moeda. "O importante é que leiam, isso é que é importante", conclui.
Em relação à edição atual, conclui que "está sensivelmente igual" ao ano anterior tanto em termos de movimento como a nível de vendas. "Eu não vejo assim grande diferença", afirma.
Os livros que suscitam mais interesse por parte dos visitantes que abordam Maria José "são romances, alguns clássicos e livros sobre o Porto".
Catia Santos, de 21 anos, em conversa com a Renascença, conta que veio de Coimbra para visitar a cidade do Porto e aproveitou para dar um salto à Feira do Livro. "Vim à procura de editoras específicas e livros específicos, principalmente em inglês", afirma, indo ao encontro da conclusão anteriormente retirada pela feirante Maria José Veiga.
Domingos, de 82 anos, revela que a ida à Feira do Livro "é um programa anual" com a mulher, Manuela, de 84.
A esposa conta que já frequenta feiras do livro "desde criança" com a família, desde a altura em que esta se realizava na Praça da Liberdade. Hoje em dia, além de acompanhar o marido, o seu objetivo é procurar "livros antigos" que já passaram na sua vida, na zona dos alfarrabistas. "Gosto de reler para ver o outro lado do livro que eu, na altura, não percebia", partilha.
Por outro lado, o que mais atrai Fernanda, de 43 anos, é a variedade de géneros e preços que existe num só espaço. Revela que conseguiu "encontrar com facilidade" alguns livros "antigos que não foram reeditados".