17 set, 2024 - 19:59 • Redação
Perante a onda de incêndios que assola o centro e norte do país, e com a consequente degradação da qualidade do ar, encerrar uma escola será sempre a melhor opção? Podem as escolas tomar tal decisão? A Renascença falou com pais e diretores de agrupamentos escolares para perceber o que fazer em cenários como o que Portugal está a viver esta semana.
Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos de Escolas Públicas (ANDAEP), lembra que "cada diretor, tendo em conta também a autoridade de saúde local, tem toda a legitimidade de fechar as escolas durante o tempo necessário". Algumas escolas acabaram mesmo por fazê-lo, optando por encerrar temporariamente, enquanto outras tantas mantiveram-se a funcionar.
A decisão é vista caso a caso e, como acrescenta Mariana Carvalho, presidente da Confederação Nacional de Associação de Pais (Confap), existe um trabalho conjunto entre diretores, autoridades e a Proteção Civil nessa tomada de decisão. Encerramentos totais são, para já, uma realidade que prefere afastar.
"Aquilo que nos tem chegado é que as escolas se mantêm abertas, mas não há atividade ao ar livre, não há atividade desportiva, foram canceladas todas essas atividades, e os alunos devem manter-se no interior da escola", partilha.
De resto, a Direção-Geral de Saúde (DGS) enviou às escolas, esta terça-feira, uma lista de recomendações a seguir para enfrentar a exposição ao fumo dos incêndios. Utilizar máscara e manter-se hidratado constam da lista, bem como um pedido que condiciona a circulação de alunos: é importante evitar idas ao exterior.
Outro fator a ter em conta na altura de tomar uma decisão desta magnitude é a segurança das crianças noutros espaços, especialmente nos casos em que o fogo avança próximo de habitações. "Muitas casas não estão em segurança", sublinha Mariana Carvalho.
"As escolas devem ser, por princípio, um dos locais mais seguros para os nossos filhos estarem", afirma.
Para além disso, as escolas também desempenham um papel coadjuvante no "combate à emergência". Fechar uma escola pode afetar a "mão de obra" e a "resposta à emergência", diz a presidente da Confap, tendo em conta que operacionais - como bombeiros e polícias - deixam as suas crianças nas escolas para acudirem a população no combate às chamas.
O papel das escolas, neste momento, é de "compreensão máxima" perante os inúmeros fatores que podem perturbar o bom funcionamento escolar: aos condicionamentos de circulação dos alunos na própria escola - para evitar zonas com menor qualidade do ar -, há também que compreender que as estradas que possam ser cortadas para combater o fogo podem fazer com quem algumas crianças nem "consigam chegar às escolas".
Em paralelo, e já para prevenir problemas futuros, Mariana Carvalho pede a todos os envolvidos para terem cuidados redobrados e para testarem "planos de prevenção", com o objetivo de aproveitar piores cenários para "ensinar a comunidade educativa e os nossos filhos a agir".