23 set, 2024 - 17:20 • Redação
"Tivemos um PM concentrado em apenas um dos fatores que contribuem para os incêndios [...] ignorando todos os outros". Foi esta a conclusão de Pedro Nuno Santos numa visita oficial a uma habitação que ficou totalmente arrasada pelos incêndios em Oliveira de Azeméis. A visita foi acompanhada também pelo presidente da autarquia Joaquim Jorge e um membro da Proteção Civil.
O secretário-geral do PS criticou a ação geral do primeiro-ministro, dizendo que o foco esteve na punição dos incendiários e não na prevenção de futuros fogos. Uma semana depois do combate às chamas, é altura de reflexão na política para entender onde é que falta atuar. "Não se encerraram atempadamente estradas, colocando muitas pessoas em risco de vida", diz ainda o líder socialista.
Para Pedro Nuno Santos, a prioridade máxima do primeiro-ministro devia passar por "saber o que é preciso fazer do ponto de vista do combate" e da prevenção. Embora a detenção dos incendiários seja "um tema muito importante" e que deve continuar a ser discutido, a prevenção é fator crucial para evitar ainda mais "danos e perda de vidas".
O líder da oposição não se ficou pelas críticas ao chefe do governo e falou numa "ministra [da Administração Interna] fragilizada". "Nós ouvimos autarcas do PSD e comentadores muito próximos a fazer críticas à ministra", afirma.
No entanto, responsabiliza Luís Montenegro pela alegada falha no plano de ação.
Depois de um domingo marcado por uma troca de acusações em comunicados entre o PS e PSD, a reunião para debater o Orçamento do Estado para 2025foi agendada para a próxima sexta-feira.
Para o líder socialista, esta não passou de uma estratégia dos sociais democratas, cujo objetivo era "criar um facto político que desvie a atenção mediática" e evitar os "problemas reais". Acaba mesmo por adjetivar essa ação como "provocação infantil". "O Governo decidiu confirmar a reunião logo a seguir a ter enviado o comunicado em que se queixava da indisponibilidade do Partido Socialista", atira.
No seu entender, há uma "falta de vontade de criar um bom ambiente negocial" por parte do primeiro-ministro. Defende-se ainda de acusações por parte de adversários políticos sobre eventuais encontros omitidos com o líder do PSD e garante que "não há nem pode haver reuniões secretas". "É muito importante que qualquer passo negocial que seja dado seja do conhecimento", sublinha o secretário-geral do PS.
Eleições antecipadas é um cenário que, para já, Pedro Nuno Santos não coloca em cima da mesa. "Só haverá eleições antecipadas se o Governo ou se o Presidente da República quiserem", garante.
"O Sr. Primeiro-Ministro está concentrado na agenda populista do Chega e com isso deixa de estar focado naquilo que é verdadeiramente essencial, a prevenção e o combate aos incêndios", finaliza.