07 out, 2024 - 12:35 • Jaime Dantas com Lusa
Esta é uma segunda-feira complicada para quem quer apanhar um autocarro no Porto por causa da greve dos trabalhadores da STCP. É o caso de Renato Couto que, como habitual, esperava esta manhã numa paragem no Amial pelo autocarro que o levaria ao emprego. À Renascença, diz que se torna impossível "chegar cedo ao trabalho".
“Muitas vezes chego à paragem e estou uma hora para apanhar o autocarro... chego sempre tarde. É de ficar irritado", queixa-se.
Já outra utente regular, Paula, admite não ser muito afetada, uma vez que tem várias opções de transporte para o hospital São João, onde trabalha. No entanto, relata que “as pessoas ficam aborrecidas" e que já viu muita gente a "chamar um Uber". "Estar a gastar dinheiro para ir trabalhar é um pouco chato", admite.
Em frente ao centro de recolha de autocarros, na Via Norte, no Porto, concentravam-se cerca de duas dezenas de motoristas. À Renascença, uma delas, Sandra Santos, confessa que "já não é atrativo trabalhar na STCP".
“Temos um descanso de nove dias. Só temos uma folga", lamenta. Quanto aos horários, as mudanças drásticas também não lhe agradam: às vezes entra "às onze da manhã" e, noutras, "às nove da noite". O ordenado não justifica o esforço, assegura: "Os ordenados neste momento estão baixos”, diz.
Outro profissional, Luís Faria, pede compreensão a quem utiliza os transportes públicos todos os dias.
“É preciso que as pessoas percebam que o dinheiro que têm que pagar por um passe não vem para os motoristas. Tentamos fazer o melhor serviço possível para as pessoas, mas não podemos trabalhar só porque as pessoas precisam. Toda a gente trabalha para viver", sublinha.
A partir das 14h30, os trabalhadores deslocam se para os escritórios da empresa no edifício das Antas, num protesto convocado pelo Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes Rodoviários e Urbanos do Norte (STRUN).
A greve desta segunda-feira resulta, na prática, da junção de duas greves parciais numa só: desde novembro de 2023 que decorre uma greve parcial às últimas duas horas de serviço, e em setembro, após a última greve de 50 horas, entrou em vigor uma outra greve parcial, às primeiras cinco horas de serviço.
Reclamam melhores salários, a revisão do enquadramento funcional do Sistema de Evolução Profissional (SEP) e manutenção do acordo de empresa quanto às faltas justificadas, agente único e assistência na doença.
Durante a manhã a adesão terá rondado os 70%, disse o STRUN.