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Apoios aos media

Joaquim Fidalgo. "Valor dos instrumentos anunciados é modesto"

08 out, 2024 - 13:08 • Jaime Dantas

Relativamente ao fim da publicidade na RTP, o professor da Universidade do Minho lembra que "o grande problema" da publicidade está em ela ir "toda para as grandes plataformas tecnológicas como a Google e a Meta".

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O professor Joaquim Fidalgo considera que os apoios anunciados esta terça-feira pelo Governo para os media são "modestas" e que é altura de se "perder tempo quando se fala sobre esta questão".

O doutorado em Comunicação Social diz, no entanto, que este é um "bom gesto" por parte do executivo por "constatar que a comunicação social não é como qualquer outra indústria, que se rentabiliza" no mercado. "É um bem público importante para para a nossa democracia e para a nossa cidadania", acrescenta.

Para Fidalgo, a única solução para garantir a viabilidade das empresas é através de "apoios públicos à comunicação social" — algo que, defende, não colocaria em causa a independência do trabalho jornalístico.

"É tempo de deixarmos isso [a questão da independência] um pouco para trás, porque as coisas não se passam assim. Se nós virmos na generalidade dos países europeus, Espanha, França, Itália, Suécia, Dinamarca, em todos há sistemas de apoio direto e indireto à comunicação social no valor de muitos milhões de euros", exemplifica.

Já relativamente ao corte da publicidade da RTP, o especialista em comunicação social considera que não é "uma grande medida" e defende, em alternativa, a redução dos intervalos publicitários a três minutos.

Este é um corte de milhões de euros nas contas do serviço público de televisão, recorda — e que o ano passado reuniu 22 milhões de euros em anúncios —, que vem acompanhado da não atualização da Contribuição para o Audiovisual (CAV), uma das fontes de receita do grupo detido pelo Estado.

Esta questão "trará problemas no futuro", considera o docente da Universidade do Minho, lembrando que a empresa não se resume apenas à RTP1, mas a "serviços como a RTP Madeira, Açores e África e ao apoio ao cinema e séries", que considera estarem em risco.

O valor que deixará de entrar na RTP em 2027 "terá um efeito marginal" na receita publicitária das televisões privadas. "O grande problema da publicidade na comunicação social está em que ela vai toda para as grandes plataformas tecnológicas como a Google e a Meta", considera.

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