15 out, 2024 - 11:42 • Daniela Espírito Santo , João Malheiro
Para o presidente da Câmara Municipal do Porto, a "VCI é um pecado original" e "o Porto dificilmente pode fazer alguma coisa" para o resolver.
"É uma autoestrada que atravessa a cidade, racha e corta. Cria uma trombose em toda a cidade", lamenta.
"Aumentar a capacidade" da via não resolveria, admite o autarca, até porque "a capilaridade da cidade não permite que haja uma expansão da VCI". Moreira acredita, por isso, que as poucas soluções para resolver o problema do congestionamento da Via de Cintura Interna, uma das principais vias de circulação do Porto, poderá passar por impedir certos veículos de passar por lá.
"É preciso perguntar por que é que há um conjunto de automóveis que utilizam a VCI e não deviam", diz.
Portajar as entradas também pode ajudar a resolver. "Em Portugal, criamos portagens nas circulares. Temos de trocar as portagens. É preciso trocar o modelo e olhar ao contrário", admite, defendendo um "estrangular das vias de transporte individual" para salientar os transportes públicos como, por exemplo, o metropolitano.
"Não sei por que vamos construir a Linha Rubi e não usarmos a Ponte da Arrábida. Mas, não sendo possível o metro na VCI, o corredor do meio devia ser usado para transporte público", reitera. "Estou à espera que o ministro diga a solução que tem para a VCI", salienta.
Também Carlos Oliveira Cruz, professor catedrático do Instituto Superior Técnico, defende a ideia de portagens diferentes que taxem segundo o que se circula e retirem pessoas de espaços como a VCI. Durante a conferência Mobilidade nas Grandes Cidades, esta terça-feira, no Porto, defendeu que "temos de urbanizar a VCI". "Que tipo de função vemos na VCI?", questiona.
Para este especialista, a Via de Cintura Interna, no Porto, "é uma visão da década de 80", que atravessa a cidade pelo menos. "É assim que vemos a VCI nos próximos 20 ou 30 anos?", continua. O especialista em infraestruturas de transportes defende algumas soluções para "urbanizar a VCI", como a criação de um "corredor Bus", a "arborização do espaço" ou "diminuir a velocidade média".
Oliveira Cruz assegura que aquela via "tem de perder a função de anel rodoviário" e "passar a ser uma via urbana, estruturante". No fundo, "deixar de ter este perfil de autoestrada".