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Entidade Reguladora da Saúde

Quase duplicaram os óbitos fetais e de bebés até aos 28 dias na região de Lisboa

22 out, 2024 - 07:20 • João Malheiro

As gravidezes não acompanhadas e as idades tardias são apontadas como possíveis causas. Especialistas sublinham que dados devem ser analisados com rigor para entender as razões e a natureza deste aumento.

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Quase duplicaram os óbitos fetais e de bebés até aos 28 dias na região de Lisboa. A conclusão é da monitorização de setembro da Entidade Reguladora da Saúde (ERS) sobre o "acesso e atividade dos prestadores de cuidados de saúde de obstetrícia", que investigou a atividade de 58 blocos de parto e serviços de neonatologia em Portugal continental.

De acordo com os dados mais recentes, de 2023, citados pelo jornal "Público", 238 fetos e bebés não sobreviveram ao primeiro mês de vida na região de Lisboa e Vale do Tejo, mais 106 face ao ano anterior. O documento não apresenta números anteriores a 2022 nem discrimina o número de óbitos fetais, que ocorrem durante a gestação, ou de óbitos neonatais, que podem afetar bebés até aos 28 dias.

Ao Público, Nuno Clode, presidente da Sociedade Portuguesa de Obstetrícia e Medicina Materno-Fetal, sublinha que os números dos óbitos neonatais e fetais não podem ser somados, por se tratarem de mortes em estágios diferentes da gestação e da vida do bebé.

Os dados da Entidade Reguladora da Saúde apontam as gravidezes não acompanhadas e as idades tardias como possíveis causas. Contudo, Alberto Caldas Afonso, presidente da Comissão de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente, lembra que estes são "dados em bruto" que merecem ser "devidamente estudados".

Ainda assim, diz Caldas Afonso à Lusa, existem "duas explicações no imediato": a concentração de "gravidezes de alto risco, de grandes comorbilidades" nos hospitais centrais de Lisboa e do Porto e a alta proporção de "mães não portuguesas" que não são devidamente acompanhadas durante a gravidez.

Além disso, a monitorização da ERS aponta que o contraste entre os setores público e privado no tipo de parto. O documento conclui que os privados continuam a fazer mais do dobro de cesarianas que o Serviço Nacional de Saúde (SNS). Este tipo de parto representa 31,9% do total de nascimentos no público e 64,8%, nas instalações de saúde privadas.

Mas há uma outra diferença nos privados: mais de 54% destas intervenções são programadas, enquanto, no público, mais de dois terços (65,2%) acontecem devido em caso de urgência. Nos casos em que a cesariana é feita de urgência, lê-se no documento da ERS, a decisão deve-se, em metade das situações, a ausência de trabalho de parto.

Na Casa de Saúde de S. Lázaro (Braga), Hospital de Vila Real Trofa Saúde, Hospital Particular de Viana do Castelo e Santa Casa de Misericórdia de Espinho todos os partos foram feitos via cesariana o que vai contra as regras que a anterior Direção Executiva do SNS queria instaurar.

[Notícia atualizada às 17h26]

Comentários
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  • Bruno
    23 out, 2024 Mirandela 07:40
    A mortalidade em geral está em alta as ninguém quer saber porquê. Há imensas mortes por explicar. As razões vão desde as ondas de calor ao covid longo que todos sabemos ataca sobretudo os fetos. Já injetar grávidas com produtos experimentais, é super seguro.

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