24 out, 2024 - 02:02 • Lusa
O secretário-geral do PS considera "muito importante" que o primeiro-ministro olhe para o tema da segurança "não apenas do lado da repressão", mas também da integração social, e condenou os desacatos na Grande Lisboa.
"É muito importante que quem tem responsabilidades a chefiar um Governo não se concentre apenas no tema da segurança apenas do lado da repressão, mas também ter a capacidade de perceber o que é que está a acontecer na sociedade portuguesa e aquilo que nós temos de fazer para promover a coesão social, a harmonia, a integração social", declarou Pedro Nuno Santos numa entrevista na RTP3.
O secretário-geral do PS respondia à pergunta se considera que a proposta de criação de equipas multidisciplinares, anunciada pelo primeiro-ministro este fim de semana no 42.º Congresso Nacional do PSD, poderá ser uma maneira de responder aos desacatos que estão a decorrer na Grande Lisboa.
Pedro Nuno Santos salientou que, ao longo dos últimos anos, tem sido feito investimento em equipas multidisciplinares e frisou que não se deve esquecer que Portugal é um dos países mais seguros, apesar de reconhecer que "tem problemas, que devem ser atacados".
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"Não só do lado da punição, do lado repressivo, mas obviamente também, antes disso, em conseguirmos construir uma sociedade com maior coesão e maior harmonia. Isso depende também dos políticos, de nós, das declarações que fazemos", frisou Pedro Nuno Santos.
Referindo-se ao líder do Chega, André Ventura, o secretário-geral do PS frisou em particular que, "quando um político tenta apenas explorar um caso de insegurança real para alimentar uma perceção da qual possa beneficiar, alimentando o medo entre os portugueses, isso é o pior caminho para defender a qualidade" da democracia portuguesa".
"Eu não estou, e atenção, a equiparar os discursos do senhor primeiro-ministro aos discursos do líder da extrema-direita. Essa equiparação eu não faço", ressalvou.
Nesta entrevista, o líder do PS pediu serenidade e condenou os desacatos que estão a decorrer na Grande Lisboa, manifestando "todo o apoio para que seja reposta a ordem" e considerando que, apesar de a "revolta e a expressão dessa revolta ser legítima", deixa de ser útil "quando é expressa através do incumprimento da lei e da desordem".
Sobre o caso da morte de Odair Moniz, morto após ter sido alvejado por um agente da PSP, o secretário-geral do PS pediu cautela nas conclusões, salientando que "há inquéritos, há uma investigação em curso".
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"Nós devemos esperar com serenidade para nós não corrermos o risco de sermos injustos nem com a memória de quem morreu, nem com o agente da PSP", afirmou, defendendo que é preciso ter "empatia desde logo com a família" da vítima, mas salientando também que "não se pode ignorar o facto de o agente policial envolvido ser um jovem com 20 anos, com um ano de exercício da sua atividade profissional".
Apelando a que seja feito "um debate sobre a segurança em Portugal e sobre as condições de vida de uma grande parte dos portugueses", o líder do PS defendeu que, nesse debate, devem ser discutidas as condições que devem ser dadas às forças de segurança para "fazer cumprir a lei e garantir a ordem e a segurança de todos".
"Ao mesmo tempo que nós não podemos deixar de olhar para fenómenos de exclusão social, de discriminação, de pobreza que nós temos em Portugal e também de racismo que existe no nosso país e de violência nas forças de segurança", disse.
Nesta entrevista, Pedro Nuno Santos criticou ainda os anúncios feitos por Luís Montenegro no Congresso do PSD, lamentando que o primeiro-ministro não tenha apresentado "nenhuma visão para o país".
"Foi apresentada uma lista de compras, uma lista de medidas. Aquilo que parecia é que ele estava preocupado não tanto com uma visão para Portugal, mas sim em identificar diferentes públicos aos quais queria responder com medidas emblemáticas", criticou.