12 nov, 2024 - 21:55 • Lusa
O candidato à liderança da JS Bruno Gonçalves criticou esta terça-feira o processo eleitoral por falta de transparência e ausência de informações como listas de eleitores ou número de delegados, críticas refutadas pela Comissão Organizadora do Congresso que o acusa de mentir.
Através de um comunicado enviado à agência Lusa, a candidatura do eurodeputado Bruno Gonçalves defendeu que "a transparência exige-se e não se esconde", defendendo que este "grito de revolta" é a "demonstração última da vontade de fazer política de uma forma diferente".
"A menos de um mês das eleições de delegados ao Congresso Nacional da Juventude Socialista (JS) e já fechados os cadernos eleitorais (que determinarão a capacidade eleitoral dos militantes da JS) não nos foram disponibilizados os dados dos eleitores nem o possível número de delegados ao Congresso Nacional", acusou.
Segundo o candidato, apesar de "diversas tentativas" e de já terem passado mais de três meses da entrega formal das assinaturas para a intenção da candidatura, não foram disponibilizadas "as listagens de todas as pessoas com capacidade eleitoral de forma a preparar as eleições".
"É de lamentar que num processo eleitoral esclarecido seja tão difícil o acesso a algo tão básico como o acesso às informações dos eleitores - quantos são, de onde são e quem são. Mais, é tão ou mais grave, que, também à data de hoje, os membros da Comissão Organizadora do Congresso, órgão máximo responsável pelo Congresso Nacional, não disponham dessa mesma informação", condenou.
Numa resposta enviada à agência Lusa, o presidente da Comissão Organizadora (COC) do XXIV Congresso Nacional da JS, Pedro Gomes, considerou que "em política não vale tudo" e que este comunicado de Bruno Gonçalves "recorre à mentira e à calúnia para se vitimizar e atacar o bom nome da JS".
Pedro Gomes assegurou que a organização está de "consciência totalmente tranquila quanto ao seguimento estrito" que deram aos estatutos e regulamentos da JS.
Quanto ao acesso às listagens, o presidente da COC afirmou que, segundo os estatutos, as listagens de militantes apenas podem ser obtidas no prazo máximo de cinco dias úteis a contar da entrega da Moção Global de Estratégia.
"O militante Bruno Gonçalves apresentou um requerimento à Sede Nacional da Juventude Socialista e posteriormente à Comissão Organizadora do Congresso para obter listagens nacionais dos militantes da JS. Não tendo ainda, ao dia de hoje, sido entregue qualquer Moção Global de Estratégia, e não estando, assim, a candidatura formalizada, esse pedido não pode ser satisfeito pela COC, sob pena de violar os Estatutos da JS", contrapõe. .
Bruno Gonçalves disse ainda que não recebeu qualquer resposta do pedido feito à COC sobre "o número de delegados ao Congresso Nacional e quais as estruturas concelhias ativas e inativas", informações necessária para organizar as eleições de delegados.
O eurodeputado condenou ainda que tenham sido exigidos "procedimentos adicionais de verificação de identidade aos militantes afetos" à sua candidatura.
"Uma manobra triste e inqualificável que tem como objetivo último impedir estas pessoas do exercício livre da sua militância (que, até à data de hoje, nunca havia suscitado nenhuma dúvida à tal Sede Nacional)", refere.
Na resposta, Pedro Gomes diz que as concelhias "tiveram já acesso aos cadernos eleitorais e, logo, ao número de delegados a eleger".
"Como é normal, foram notificados para proceder à regularização de lacunas e à verificação de identidade requerimentos de concelhias de todo o país e de várias sensibilidades políticas", respondeu ainda.
Ao fim de 18 anos em que as eleições foram sempre de lista única, a JS voltará a ter este ano uma disputa eleitoral para escolher o seu futuro líder, que vai suceder a Miguel Costa Matos.
O eurodeputado Bruno Gonçalves e a secretária nacional da JS Sofia Pereira são os nomes na corrida eleitoral cujo congresso está marcado para 13, 14 e 15 de dezembro.