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Reportagem

Educação em protesto. "O que não podemos aceitar é a banalização da precariedade"

15 nov, 2024 - 11:20

Em dois meses de aulas, centenas de escolas já fecharam portas em cinco greves de âmbito nacional. Hoje há mais uma, convocada pelo S.T.O.P. - o Sindicato de Todos os Profissionais da Educação, que recusa banalização dos protestos.

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Para além dos funcionários das escolas, assistentes operacionais, técnicos especializados e administrativos, a paralisação desta sexta-feira - a sexta desde o início do ano letivo - abrange também os professores.

De acordo com André Pestana, presidente do Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (S.T.O.P.), "dezenas de escolas, de norte a sul do país, estão encerradas devido à greve". Sinal do descontentamento, diz, num protesto que surge num momento de discussão do Orçamento do Estado que deve "valorizar todos os profissionais de educação, em particular os assistentes operacionais".

Quanto aos que consideram que a repetição das greves perto do fim de semana está a contribuir para uma banalização desta forma de protesto, André Pestana contesta, garantindo que nem tem sido o seu sindicato quem mais greves marca a uma sexta-feira.

"Temos concentrações de trabalhadores em quatro pontos do país que, em greve e perdendo dinheiro, vieram para a frente das escolas para protestar. O que não podemos aceitar é a banalização da precariedade e das más condições de trabalho, que tem levado a que, neste momento, mesmo a 15 de novembro, tenhamos, por exemplo, milhares e milhares de crianças sem professores. Isso é que é grave, não as greves pontuais", afirma.

Para André Pestana, é inaceitável que, "mesmo após dez, vinte ou 25 anos de anos de trabalho", os assistentes operacionais "recebam o mesmo que quem entrou no mês passado".

O S.T.O.P. exige ainda uma carreira específica e a redução do rácio de alunos por assistente operacional.

"Os rácios são completamente irrealistas. São muito sobrecarregados, estes colegas", garante André Pestana, para quem o número de funcionários "não é suficiente para poderem dar a atenção de que os alunos precisam".

É uma classe que "tem estado muito esquecida e é uma peça chave" do sistema.

Ana Cristina Teles é uma dessas assistentes operacionais - no caso, na Secundária Gago Coutinho, em Alverca. De cartaz na mão - onde se lê "A lutar também estamos a ensinar" -, admite, com tristeza, que recebe o salário mínimo nacional desde que entrou no setor público, há 22 anos. E desde então, garante, perdeu direitos.

"Quando entrei para o serviço público tinha direito à Caixa Geral de Aposentações, que nos foi retirada. Estamos reduzidos à Segurança Social e ao ordenado mínimo nacional".

A perda de direitos, diz, agravou-se há uns anos com a municipalização das escolas.

"Não somos reconhecidas como auxiliares de ação educativa. As mais antigas de nós, quando entrámos, tínhamos de ter certificação para ser auxiliar de ação educativa. Agora somos todas assistentes operacionais", que não chegam para as exigências diárias.

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