19 nov, 2024 - 00:27 • Marisa Gonçalves
O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) entende que o diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), António Gandra d’Almeida, está a ser “bastante realista” nas previsões que faz quanto à afluência aos serviços de urgência, durante a época de inverno.
Em declarações à Renascença, o presidente do SIM, Nuno Rodrigues, aponta o que classifica de “crónica” falta de recursos humanos.
“Vamos ter um inverno ainda complexo em termos da gestão dos recursos humanos. Parece-me que há aqui uma gestão de expectativas, mas também muito realismo. De facto, o SNS ainda não está estabilizado, ainda é preciso contratar muitos recursos. Esperamos que agora, em dezembro, o Governo dê um fortíssimo sinal de chegar a um acordo intercalar com os médicos para que os profissionais possam realmente permanecer no SNS”, defende.
O SIM tem a expetativa de retomar as negociações com o Governo sobre as novas grelhas salariais já no próximo mês, ainda assim, Nuno Rodrigues sublinha que a estabilidade está longe de alcançar.
Homem de 66 anos foi encontrado sem vida nas urgên(...)
“O verão indicou que houve muita dificuldade na manutenção das escalas e no inverno isso também acontecerá. Portanto, só com medidas estruturais é que conseguiremos mudar a perspetiva nacional para que não seja tão recorrente esta falta crónica nas urgências, mas também nos centros de saúde. Recordamos que ainda há 1,5 milhões de portugueses sem médico de família atribuído e que se assim não fosse, muito provavelmente esses utentes poderiam não ir às urgências”, aponta.
O presidente do SIM deixa ainda a recomendação para que a população elegível adira à campanha de vacinação contra a gripe e a covid-19, “para evitar que se entupam as urgências com doenças que se podem prevenir através da vacinação”.
No âmbito de uma visita ao Hospital Distrital de Santarém, onde se reuniu com o Conselho de Administração, António Gandra D'Almeida destacou à agência Lusa os esforços para preparar os hospitais, garantindo que o SNS e as unidades hospitalares estão a tomar medidas para responder ao aumento da procura e evitar que as urgências atinjam "o seu limite".
Na mesma ocasião o responsável admitiu a existência de “constrangimentos nas equipas médicas” em várias regiões do país e afirmou ainda: “Vamos ter um inverno mau, temos é que trabalhar para tentar colmatar ou diminuir esse excesso de necessidade assistencial".