20 nov, 2024 - 05:01 • Ricardo Vieira
Portugal caiu duas posições e ocupa agora o 15.º lugar no Índice de Desempenho das Alterações Climáticas (CCPI, na sigla inglesa), apresentado na cimeira do clima COP29, que decorre em Baku, no Azerbaijão.
As emissões de gases com efeito de estufa deverão aumentar este ano em Portugal, em comparação a 2023 e 2017, à boleia dos incêndios (área ardida aumentou de 34 mil para 136 mil hectares) e da utilização de transportes poluentes, alerta o documento publicado pela Germanwatch, NewClimate Institute e CAN International, com a participação da associação ambientalista ZERO.
As expetativas de emissões de algumas indústrias “particularmente intensivas”, como é o caso da refinaria da Galp, em Sines, a única a funcionar em Portugal, também contribuem para esta subida nas emissões.
Apesar deste cenário, Portugal continua a fazer parte dos países com classificação alta e, na prática, ocupa a 12.ª posição do Índice de Desempenho climático porque nenhum país mereceu ficar nos três primeiros lugares.
O CCPI conclui que, se não forem consideradas as emissões associadas aos incêndios, “a expetativa é de que as emissões possam ter uma ligeira redução dado o maior peso de fontes renováveis em 2024 e uma diminuição da ordem de 60% na queima de gás fóssil para produção de eletricidade”.
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A ZERO considera que a “maior falha política climática” aconteceu nas emissões provenientes do transporte rodoviário.
Portugal não melhorou e os valores são, praticamente, idênticos aos do ano passado: “na ordem de 16,5 milhões de toneladas de dióxido de carbono-equivalente, e superiores às do período pré-pandemia homólogo de 2019, de 15,6 milhões de toneladas”.
Os automóveis continuam a ser “o modo dominante de transporte urbano e interurbano, e poucos ou nenhuns progressos a esse nível têm sido feitos”. Por outro lado, os portugueses continuam a utilizar pouco o comboio e os transportes públicos.
A ZERO sublinha que, para cumprir o Plano Nacional de Energia e Clima, o país precisa de reduzir até 2030 as emissões no setor dos transportes em 5% ao ano.
A associação defende a “implementação de políticas públicas mais corajosas e consequentes na descarbonização nos transportes e na agricultura, e a implementação plena da Lei de Bases do Clima, cujo incumprimento é grosseiro”.
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Numa perspetiva global, o Índice de Desempenho das Alterações Climáticas considera que “todos os países apresentam metas insuficientes para 2030” e devem “aumentar a sua ambição” para evitar um aumento da temperatura além da meta de 1,5 graus.
Portugal ocupa a 15.ª posição do Índice de Desempenho das Alterações Climáticas, dois lugares à frente da União Europeia, sendo que esta é a primeira vez que nenhum Estado-membro recebe pontuação muito baixa.
A Dinamarca é o país mais bem classificado no CCPI, no quarto lugar, seguido dos Países Baixos e do Reino Unido, que melhorou 14 posições.
A Índia ocupa agora a 10.ª posição. “É dos países com melhor desempenho por causa da evolução positiva das energias renováveis”, apesar de continuar a depender fortemente do carvão.
A China, o maior emissor mundial de gases com efeito de estufa, ocupa o 55.º lugar no CCPI, descendo para uma classificação muito baixa.
Quanto aos Estados Unidos, o segundo maior emissor, mantém-se no 57.º lugar entre os países com desempenho muito baixo e as perspetivas não são animadoras. O Presidente eleito, Donald Trump, poderá abandonar o Acordo de Paris.
O CCPI tem por base estatísticas fornecidas por diversas entidades internacionais e uma avaliação por peritos do desempenho atual no que respeita às políticas climáticas, à escala nacional e internacional. As quatro categorias avaliadas são emissões de gases com efeito de estufa (com um peso de 40%), energias renováveis (20%), uso de energia (20%) e política climática (20%). As classificações que o índice apesenta são cinco: muito alta, alta, média, baixa e muito baixa.
Consulte aqui o Índice de Desempenho das Alterações Climáticas (versão PDF).