25 nov, 2024 - 08:35 • Hugo Monteiro , Olímpia Mairos
A Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres (PpDM) alerta que o assédio online, a perseguição na internet, a partilha não consentida e o discurso de ódio nas redes sociais são formas dominantes de ciberviolência contra as mulheres.
À Renascença, Ana Sofia Fernandes, presidente da PpDM, diz que os meios digitais estão a normalizar atos de violência extrema.
“Há um contexto de fundo na internet de extrema violência sobre as mulheres e as raparigas, há uma desregulamentação no acesso a conteúdos que são muito violentos e conteúdos, estou a falar claramente no domínio da pornografia, e tudo isso significa que há uma geração na Europa inteira a crescer, a considerar normal que determinados atos de violência extrema ocorram nas relações entre jovens”, alerta.
Segundo a Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres, nos meios digitais e na Internet, a agressão é contínua e agravada pela impunidade, destacando a urgência de ação para colmatar as muitas lacunas na prevenção, proteção, ação penal e nas políticas coordenadas em Portugal e na Europa.
De acordo com o mais recente relatório do Lobby Europeu das Mulheres (LEM), “o assédio online, a perseguição online, a partilha não consentida de material íntimo e o discurso de ódio online” são as formas mais prevalentes de ciberviolência contra as mulheres.
Já a inteligência artificial e a tecnologia “estão a ser utilizadas como armas para criar falsificações digitais de cariz sexual, em que 90-95% das vítimas são mulheres e raparigas”.
Ainda segundo o relatório, as comunidades de jogos online são ambientes cada vez mais hostis para raparigas e mulheres, com elevadas taxas de assédio sexual.
“O impacto nas vítimas inclui traumas psicológicos graves, perdas económicas e o afastamento dos espaços digitais”, lê-se no relatório que indica ainda que “a pornografia incentiva e normaliza a violência contra as mulheres, desempenhando um papel central na formação das perceções de homens e mulheres sobre as relações”.
Recomendações para o combate à violência contra as mulheres no espaço digital