26 nov, 2024 - 14:47 • Salomé Esteves
O sociólogo Boaventura de Sousa Santos demitiu-se do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, depois de acusar a instituição de linchamento, face às acusações de assédio de que foi alvo.
A notícia foi avançada pelo Diário de Notícias, esta terça-feira, a partir de uma comunicação que o próprio escreveu aos membros do grupo de investigação.
Boaventura de Sousa Santos acusa, nesse texto, a direção do CES de agir "de modo parcial, com total violação das regras do direito democrático (presunção de inocência)". Além disso, o sociólogo alega que a organização pretendia expulsá-lo e condená-lo publicamente, "antes que os Tribunais se pronunciem sobre os casos que estão a ser tramitados".
Na mesma comunicação, o sociólogo promete divulgar "todos os documentos que sustentam a [sua] versão dos factos".
O relatório da comissão independente do CES foi publicado em março deste ano, 11 meses depois de terem sido partilhadas as primeiras denúncias. A comissão concluiu que "não permitiram esclarecer indubitavelmente a existência ou não da ocorrência" de situações de abuso sexual.
Apesar disso, a comissão também concluiu que a hierarquia do CES "propiciou situações de conflito de interesses, de assédio e de abuso de poder”.
As primeiras denúncias foram partilhadas com a publicação de um artigo científico, integrado numa publicação intitulado Sexual Misconduct in Academia - Informing an Ethics of Care in the University (Má conduta sexual na Academia - Para uma Ética de Cuidado na Universidade). Este texto menciona, não só, Boaventura de Sousa Santos, como Bruno Sena Martins, investigador da instituição.
No artigo original, foram denunciadas 14 pessoas, por 32 denuncantes.
O sociólogo avançou com um processo cível, para a proteção do bom nome, contra quatro das mulheres que o acusam de conduta imprópria. O primeiro julgamento estava marcado para 15 de novembro, sexta-feira, mas foi adiado.
Na comunicação divulgada esta terça-feira, Boaventura de Sousa Santos partilhou, também, que ia dar início a uma segunda ação cível, desta vez contra as denunciantes que, ao contrário das primeiras, não residem em Portugal.
O sociólogo foi membro fundador do Centro de Estudos Sociais, em 1978 e presidiu ao grupo até 2019.
[Atualizado às 15h16]