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Desacatos em Lisboa

PJ está a ouvir suspeitos de ataque a autocarro em Loures

27 nov, 2024 - 10:44 • Liliana Monteiro com Redação

Há "vários suspeitos" do incêndio num autocarro em Santo António dos Cavaleiros que em outubro feriu gravemente o motorista.

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A Polícia Judiciária está, na tarde desta quarta-feira, a ouvir vários suspeitos do ataque a um autocarro em Lisboa e que culminou em graves ferimentos para o motorista, que ficou queimado. No imediato, a PJ não avança quantas pessoas estão a ser ouvidas, e remete para um comunicado, que deverá enviar ao final do dia.

Durante a manhã desta quarta-feira, a PJ deu cumprimento a vários mandados de busca no concelho de Loures. À Renascença, fonte da PJ confirmou que foi desencadeada uma operação de investigação ao ataque a um motorista em Santo António dos Cavaleiros.

Poucos detalhes são conhecidos. A mesma fonte indica que, concluída a operação, a PJ prestará esclarecimento e dará informação sobre o resultado da operação.

Os suspeitos são alegadamente os responsáveis pelo incêndio e ataque direto contra um autocarro em Santo António dos Cavaleiros, em Loures, durante a onda de tumultos gerada na Área Metropolitana de Lisboa depois da morte de Odair Moniz, baleado por um agente da PSP no Bairro da Cova da Moura, na Amadora, há cerca de um mês.

O autocarro da Carris Metropolitana já estava sem passageiros quando se deu o incidente, mas o motorista, que ainda estava no interior, sofreu "queimaduras graves na face, tórax e membros superiores", adiantou na altura a PSP.

O cabo-verdiano Odair Moniz, de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de 21 de outubro, no Bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho, e morreu pouco depois. Nos tumultos que sucederam à sua morte, nos dias seguintes, foram incendiados mais autocarros, dezenas de automóveis e contentores do lixo, mas o ataque que deixou em estado grave o motorista é o mais grave em investigação.

De acordo com a versão oficial da PSP, Odair Moniz ter-se-á posto "em fuga" de carro depois de ver uma viatura policial e despistou-se na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, "terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca". A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigiram uma investigação "séria e isenta" para apurar responsabilidades, considerando que está em causa "uma cultura de impunidade" nas polícias.

As autoridades desencadearam inquéritos, mas ainda não são conhecidas conclusões.

O advogado do agente que baleou Odair Moniz disse à Lusa que o profissional permanece de baixa médica, aguardando ser chamado para prestar declarações no âmbito dos processos disciplinares a que foi sujeito. O agente prestou declarações à Polícia Judiciária "logo a seguir aos factos", na madrugada de 21 de outubro, mas ainda não o fez perante o Ministério Público, indicou.

A família de Odair Moniz lançou entretanto uma campanha de angariação de fundos (disponível "online", no endereço https://www.gofundme.com/f/justica-por-odair-moniz), que já recolheu mais de 30 mil euros.

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