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VIH e SIDA. “Doença não é galopante na comunidade”, diz Tato Borges

27 nov, 2024 - 08:35 • João Cunha

O relatório, que será apresentado esta quarta-feira pela DGS, indica que mais de metade dos casos, no último ano, surgiram entre a comunidade imigrante. Para o presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública, "estamos a falhar com estes imigrantes, porque não lhes estamos a dar as condições adequadas para eles próprios tomarem conta da sua saúde".

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O presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública (AMSP), Gustavo Tato Borges, avalia os mais recentes dados do HIV e da SIDA como algo positivo.

"Termos menos de mil casos novos diagnosticados é um ponto de partida positivo", diz Tato Borges à Renascença, argumentando que os números mostram que "estamos numa situação em que a doença não é galopante na comunidade".

O especialista adverte, contudo, que "não deixam de ser quase mil casos novos que deveríamos ter conseguido, de alguma forma, minimizar, munindo as pessoas para o conhecimento deste risco e desta realidade".

Apesar da tendência decrescente das últimas décadas, no último ano foram notificados 924 casos de HIV - mais 120 do que no ano anterior - e 128 de SIDA.

O relatório, que será apresentado esta quarta-feira pela DGS, indica que a maior parte dos novos infetados são homens e um terço (32,4%) tem menos de 30 anos. E que mais de metade (53,1%) nasceram no estrangeiro, deixando entender que são casos que surgiram entre a comunidade imigrante.

Sobre este dado, Tato Borges considera que "estamos a falhar com estes imigrantes, porque não lhes estamos a dar as condições adequadas para eles próprios tomarem conta da sua saúde".

Para o presidente da AMSP, "cada vez mais a mobilidade de pessoas muda comportamentos habituais que seriam tradicionalmente tidos no nosso país", havendo por isso "cada vez mais atividades sexuais desprotegidas" que deviam ser cada vez mais trabalhadas para minimizar o risco de ocorrência de doença.

Mas o que mais surpreende este especialista em Saúde Pública é o facto de haver entre a população masculina 61% de infetados através de uma relação homossexual, dado que demonstra que há outra vez uma "mudança do paradigma" que é importante reverter, como em anos anteriores. Para isso, há que "comunicar melhor" os riscos que esta população corre.

"Foram o primeiro grupo a controlar a doença, nos anos 80 e 90, de forma adequada. Temos de voltar a insistir na necessidade desta comunidade voltar a ser um exemplo, sendo mais protegida, mais consciente e que vive a sua sexualidade de forma mais saudável", remata.

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