02 dez, 2024 - 17:21 • Ana Kotowicz , Fátima Casanova
"O que os pais querem é que as crianças voltem a ter direito aos livros em papel." É assim que Catarina Prado e Castro, do Movimento Menos Ecrãs, explica o protesto que vários encarregados de educação levaram a cabo, esta segunda-feira, em Coimbra.
A ação decorreu na escola Básica 2,3 Martim de Freitas, em Coimbra — um dos estabelecimentos de ensino que aderiu ao projeto-piloto que implica o uso exclusivo de manuais escolares digitais. O protesto culminou com a entrega de um abaixo-assinado, que reuniu mais de 600 assinaturas de elementos da comunidade educativa, para exigir o fim do projeto-piloto na escola e que abrange alunos do 4.º ao 7.º ano.
"Neste momento, os alunos só tem direito aos vouchers, às licenças digitais", explica Catarina Prado e Castro. "Têm de estar nas aulas com computador e têm de fazer todos os trabalhos, e estudar em casa, pelos livros no computador."
Por isso, este grupo de pais pede o fim do uso exclusivo de manuais digitais. "Deixaram de ter livros em papel e é isso que os pais querem voltar a ter — livros em papel —, porque consideram que são essenciais para o estudo e para a aprendizagem das suas crianças."
Além disso, Catarina Prado e Castro diz que estas crianças e jovens ultrapassam em muito as horas recomendadas pelas associações médicas pediátricas de todo o mundo sobre a exposição a ecrãs. "Falam em uma hora por dia, duas horas", esclarece. E, ao usarem computadores na escola e, depois, em casa para estudar, "estão sempre no digital".
Catarina Prado e Castro contesta ainda o facto de os "smartphones circularem na escola com toda a naturalidade", apesar das recomendações do Ministério da Educação que apontam no sentido de restringir o seu uso.
Durante este ano letivo, a medida — que implica uso exclusivo de manuais digitais — abrange cerca de 13.600 alunos, quando, no ano passado, eram cerca de 21 mil.