02 dez, 2024 - 19:58 • Alexandre Abrantes Neves
A presidente da Fundação Champalimaud, Leonor Beleza, acredita que “nunca deveria ser visto como vantagem” que certos candidatos a eleições nunca tenham exercido cargos políticos.
Em declarações à Renascença, após ter vencido o Prémio Árvore da Vida - Padre Manuel Antunes, Leonor Beleza lamentou que “nas convicções de muitos, [haja] uma ideia de que a política não tem primariamente o objetivo [de servir a sociedade]” e que isso tenha levado os eleitores “a olharem para os políticos profissionais como um fator negativo”.
A também primeira vice-presidente do PSD considera, por isso, “natural” que outros candidatos que “apareçam com puros, não manchados por essa conotação negativa” – mas ressalva que isso não significa que sejam mais capazes de assegurar de forma competente os cargos políticos.
“Deve ter a ver, sobretudo, com o candidato que pode servir a comunidade, com as melhores ideias, o percurso que dá mais garantias sobre a possibilidade de pôr as ideias boas em prática. Há evidentemente um risco: nós todos estamos a vê-lo. Um risco de se pensar que, se a atividade da pessoa foi primariamente afastada da política, isso possa significar alguma espécie de vantagem. Eu diria que isso nunca devia ser visto como uma vantagem”, defendeu, sem indicar nomes ou se referir diretamente às eleições presidenciais de 2026.
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Com uma carreira dividida entre a política e as organizações da sociedade civil, Leonor Beleza diz não ver “hierarquia” nas formas de serviço à sociedade: “É possível fazer coisas com interesse para todos nas empresas, nas Instituições Particulares de Segurança Social (IPSS), ou na política. A minha vida tem andado entre uma coisa e a outra”, confessa a presidente desde 2004 da Fundação Champalimaud e cujo percurso passou ainda pela pasta da Saúde nos governos de Cavaco Silva e por associações, como a Sedes (dedicada ao desenvolvimento económico e social) ou a Epis (para a inclusão social”.
Sobre o Prémio Árvore da Vida - Padre Manuel Antunes, que lhe foi atribuído esta segunda-feira, Leonor Beleza admite ter ficado “surpreendida”. Perante o “exemplo de humanismo cristão” destacado pelo júri do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, a presidente da Fundação Champalimaud diz que a distinção vem acompanhada de um “sentido de responsabilidade”.
“Outros julgaram que eu merecia o prémio e, portanto, agora eu tenho a obrigação com eles e comigo própria de ter ainda mais atenção. Mais atenção nas vias que eu escolho, na forma como faço o caminho, como tomo decisões que nomeadamente possam refletir-se nos direitos e interesses da comunidade em geral”, remata.