03 dez, 2024 - 09:32 • Henrique Cunha
O presidente da Associação Nacional de Cuidados Continuados, José Bourdain, denuncia, na Renascença, que os atrasos nas vistorias do Instituto de Mobilidade e Transportes (IMT) estão a dificultar o trabalho das instituições de solidariedade que fazem transporte de deficientes.
“Infelizmente, praticamente tudo o que é público demora demasiado tempo e, por aquilo que tenho falado recentemente com alguns carroçadores, os tempos melhoraram muito ligeiramente, mas mantêm-se atrasos muito consideráveis, nomeadamente entre seis meses a um ano, para se conseguir uma vistoria de uma viatura que está pronta, chave na mão, e que pode ser usada”, denuncia.
Bourdain afirma que o problema afeta em particular as empresas do sector social, mas também o serviço de ambulâncias, prejudicando “nomeadamente, as empresas do setor social com pessoas idosas e com pessoas com deficiência, que precisam das viaturas para transportes de pessoas em cadeiras de rodas”.
A situação afeta “igualmente o serviço de ambulâncias, porque há vários carroçadores que têm viaturas, quer para transporte de pessoas com deficiência quer ambulâncias, paradas seis meses, nove meses, um ano, à espera de uma simples inspeção quando os carros estão prontos a usar”.
“Isto é simplesmente absurdo”, enfatiza.
"Serão dezenas ou mesmo centenas de instituições que estão na mesma situação com as viaturas paradas há pelo menos seis, nove ou doze meses nas oficinas das empresas que transformam os carro."
A Associação Nacional do Ramo Automóvel (ARAN), entidade da qual são associadas as empresas que transformam viaturas, enviou uma carta ao IMT alertando para os prejuízos que a situação acarreta. Bourdain admite que, na sequência dessa iniciativa, “os procedimentos no IMT melhoraram ligeiramente”, mas “as vistorias deveriam ser feitas num espaço de tempo razoável”.
"Por razoável, entendo que deveriam fazer-se no espaço de uma ou duas semanas porque, quando vamos a um stand comprar um carro, a sua matricula sai no espaço de uma semana”, argumenta.
Em resposta à Renascença, a entidade alega falta d(...)
Nesta terça-feira em que se assinala o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, o presidente da Associação Nacional de Cuidados Continuados acusa os governos de continuarem “a não dar a devida atenção a este setor".
"Os governos só se preocupam em aumentar os salários aos funcionários públicos porque vão para as ruas, porque fazem greve, porque a Comunicação Social dá muita atenção, e é só com isso que os governos se preocupam”, desabafa.
“Mais uma vez, a culpa é dos governos e, infelizmente, mudámos de governoe de cor partidária, mas ficou exatamente tudo na mesma. Este governo do PSD faz exatamente o mesmo que o governo anterior fez durante os últimos oito anos, que é não dar condições ao setor para poder sequer funcionar”, reforça.
“A nossa vida não é fácil, é mesmo muito dura”, remata José Bourdain.