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Ordem critica "incapacidade" do SNS em atrair e fixar jovens médicos

03 dez, 2024 - 20:16 • Lusa

O concurso para a área de especialização do internato médico de 2024 terminou na segunda-feira, tendo sido ocupadas 1.851 vagas, correspondendo a 78,8% dos 2.349 candidatos que reuniam condições de ingresso.

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A Ordem dos Médicos (OM) criticou esta terça-feira "a incapacidade" do Serviço Nacional de Saúde (SNS) de "atrair e fixar jovens médicos" face ao "elevado número de vagas" por preencher no mais recente concurso de formação da especialidade.

Segundo a OM, que cita em comunicado dados da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), "ficaram por escolher no concurso para o internato médico 307 vagas das 2.167 que foram disponibilizadas" e "áreas de especialização como medicina geral e familiar (168 vagas por ocupar), medicina interna (49), patologia clínica (32) ou saúde pública (15) destacam-se pela menor procura".

"Estes números vêm, uma vez mais, reforçar a urgência de adotar medidas que valorizem a carreira médica, medidas estruturais que estimulem e atraiam os jovens médicos para o SNS", assinala o bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, citado no mesmo comunicado.

De acordo com Carlos Cortes, o sistema de formação e de atribuição de vagas tem de ser revisto, sob pena de haver "serviços condicionados na sua capacidade formativa de novos especialistas", colocando "em causa a sustentabilidade e a capacidade de resposta básica do SNS".

Segundo a OM, "a situação é particularmente preocupante no Alentejo, onde ficaram por preencher mais de 50% das vagas, mas também nos Açores (31,4%) e Madeira (21,6%), Lisboa e Vale do Tejo (18,5%) e a região Centro (18,1%)".

Na segunda-feira, a Federação Nacional dos Médicos (Fnam) advertiu que a repetição de concursos com perda de médicos para prosseguirem a formação especializada, em áreas essenciais, contribui para a indiferenciação dos cuidados de saúde prestados à população, defendendo medidas que "garantam uma formação de qualidade, condições de trabalho dignas e uma carreira atrativa", para travar a saída de médicos internos e especialistas do SNS.

O concurso para a área de especialização do internato médico de 2024 terminou na segunda-feira, tendo sido ocupadas 1.851 vagas, correspondendo a 78,8% dos 2.349 candidatos que reuniam condições de ingresso.

A ACSS realçou hoje que em 36 das 48 especialidades foram ocupadas todas as vagas a concurso, tais como pediatria (103), anestesiologia (91), cirurgia geral (82), psiquiatria (79), ginecologia-obstetrícia (59), ortopedia (59) e cardiologia (37).

De acordo com a ACSS, o processo de escolha permitiu, ainda, colocar mais 457 médicos internos na formação especializada de medicina geral e familiar e mais 34 médicos internos na formação especializada de saúde pública.

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  • Sara
    04 dez, 2024 Lisboa 10:52
    Quando alguém vai para uma escola estudar a custa do estado durante quase 6, 7 anos , depois vai para estágio digamos assim, deve ser vinculado pelo menos a um tempo obrigatório ao SNS, não é querer só seguir medicina para encher os bolsos e depois a tantas especialidades e subespecialidade, mas isso é outra coisa
  • Anastácio Lopes
    04 dez, 2024 Lisboa 10:27
    Se é verdade que o SNS não atrai os médicos, será que para este elemento o SNS atrairá enfermeiros, ou outros funcionários seja de que categoria for. Trata.se de uma visão totalmente cooperativista de quem tem o dever de cidadania por respeitar, pois não basta afirmar que o SNS não atrai médicos, pois o mesmo SNS não atrai seja que funcionário for e de que categoria for enquanto, entre outras coisas lhes quiser pagar vencimentos do século 19, pena é que, quem esta realidade constata, nada diga nem nada faça, para assumir as responsabilidades das negligências médicas que se verificam quando ocorrem, as quais deixam mazelas para o resto da vida às vítimas das mesmas e sobre as quais nunca vimos nem ouvimos este elemento sequer preocupado, muito menos, com o dever de cidadania assumido pois nunca a OM que dirige, se responsabilizou por negligência alguma dos seus elementos que as cometem, no exercício de funções inerentes aos cargos que ocupam e pelos quais são remunerados. Esta atitude egoísta, in terceira e cooperativista apenas e só qualifica quem a tomou, esquecendo-se que os médicos apenas o são porque há doentes, e se estes deixarem de existir, os médicos podem seguir o mesmo caminho por falta de doentes para tratarem, razões mais do que suficientes para deixar o cooperativismo de parte e observar que o que se passe com os médicos, passa-se com todos os profissionais da Administração Pública colocados no SNS ou não, e provar que os médicos sem os outros nada fazem.

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