06 dez, 2024 - 08:43 • Hugo Monteiro
O presidente da ProVar, a Associação Nacional de Restaurantes, estima uma “atualização de 10 cêntimos” no preço do café a ser servido nos café e pastelarias em 2025. Um aumento que poderá chegar a 30 cêntimos nos restaurantes, onde “de 1,20 euros, poderá passar para 1,50 euros”.
Daniel Serra explica, à Renascença, que na origem desta subida do preço para o consumidor está “toda a pressão que existe a montante”. O responsável da ProVAr pormenoriza que durante este ano “houve três ou quatro atualizações de preços” por parte dos fornecedores.
“Prevê-se agora uma nova atualização no início do ano”, pelo que “é inevitável ver, agora sim, uma atualização em muitos estabelecimentos, especialmente cafés e pastelarias, que, devido à concorrência, foram mantendo o preço”. No entanto, “nesta altura, face não só ao preço do café, mas também devido aos custos da mão de obra, das rendas e da eletricidade, que impactam muito no negócio”, os proprietários “serão obrigados a fazer atualizações”.
Já a secretária-geral da Associação Industrial e Comercial do Café, Cláudia Pimentel, diz que a matéria-prima, o chamado café verde “subiu cerca de 200% nos últimos dois anos”. Na base deste aumento está a “incerteza climática”, uma vez que “tão depressa há secas como há cheias em determinados países”, o que “tem vindo a afetar as colheitas de café”.
Por outro lado, “há mais procura de café e o café robusta, que é o que mais se consome em Portugal, também tem sido alvo de maior procura por parte dos países nórdicos que anteriormente bebiam quase exclusivamente café arábica”.
Não será, contudo, só o café a ficar mais caro para os clientes dos restaurantes. Daniel Serra antevê que se mantenha a tendência de subida dos preços das bebidas e das entradas uma vez que “os restaurantes não consegue aumentar, muitas vezes, o preço dos pratos, porque há um limite a partir do qual os clientes já não o pedem, o que afasta esses clientes”.
Por isso, os restaurantes acabam por ter necessidade de “fazer algum tipo de ajustamentos nos produtos complementares”, para conseguir algum equilíbrio.
O presidente da ProVAr diz que se prevê uma subida de 20% no preço da carne e que “o bacalhau, que também já tem vindo a subir de forma muito gradual, deverá atingir valores nunca vistos”. Estes são “dois produtos que são âncora de da maioria da restauração”, mas, não havendo possibilidade repercutir a dimensão da atualização no preço do prato para o cliente, “por força do poder de compra reduzido”, os restaurantes “acabam por ter alguma arte e engenho para tentar distribuir” essa subida “pelas bebidas, pelo café e pelas entradas”.
Daniel Serra diz que, atualmente, os restaurantes “ficam extremamente preocupados quando um cliente não pede entradas e não pede sobremesas, porque percebe que pode não ter a margem suficiente para suportar o seu funcionamento”.