Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Saúde

Nova pandemia traria consequências mais negativas para futuro do SNS, diz Tato Borges

06 dez, 2024 - 09:59 • Teresa Almeida , Olímpia Mairos

Para o presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública, seria um trabalho muito árduo para o SNS enfrentar uma situação semelhante à da pandemia da Covid-19.

A+ / A-

Seria um trabalho muito árduo e poderia ter consequências ainda mais negativas para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) enfrentar uma nova pandemia.

É a reação do o presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública, Tato Borges, ao estudo do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) sobre as consequências da Covid 19 em Portugal, que matou mais de 19 mil pessoas, e que vai exigir, segundo os investigadores, uma tomada de medidas mitigadoras no futuro.

À Renascença, este especialista admite que a atual falta de pessoal e de condições do SNS, iria exigir um esforço acrescido por parte dos profissionais para enfrentar uma nova pandemia.

“Nós sabemos que o Serviço Nacional de Saúde está um pouco fragilizado, fruto da perda de recursos humanos, da falta de investimento nos últimos anos e a necessitar de ter aqui um trabalho para valorização dos profissionais que desenvolvem este trabalho”, diz.

Por isso, Tato Borges defende que “é importante que estas negociações que estão agora em curso e este rearranjo do Serviço Nacional de Saúde, que também está em curso, seja otimizado e seja, de facto, fortalecido, porque, nas condições em que estamos agora com os profissionais que temos, com a situação de sobrecarga que vai continuando a existir no SNS, seria uma resposta muito dura para os profissionais de saúde”.

O especialista não tem dúvidas que os profissionais de saúde “iriam fazer como fizeram durante a pandemia”, mas alerta que, “possivelmente, teria uma consequência ainda mais negativa para o futuro do SNS”.

“Portanto, precisamos de fortalecer o Serviço Nacional de Saúde, de captar mais profissionais, de valorizar este trabalho, para que, depois, possamos ter em conjunto uma resposta mais cabal”, defende.

Questionado sobre se o SNS não estaria nesta altura com capacidade para enfrentar uma nova vaga de Covid-19, Tato Borges diz que “seria um trabalho muito árduo por parte dos profissionais de saúde”.

“Dizer se está capaz ou não está capaz, eu diria que está sempre capaz, mas está sempre capaz porque há um esforço e há uma dedicação feita por todos os profissionais de saúde que é inigualável e que é inacreditável e de louvar, mas que sai mesmo da sobrecarga pelos profissionais”, salienta, assinalando que não há profissionais suficientes.

É importante tomar medidas para uma proteção mais forte

Nestas declarações à Renascença, o presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública chama à atenção para as medidas a tomar, a fim de evitar a transmissão de vírus.

“Há coisas simples, como a higiene das mãos, que é extremamente importante para minimizarmos a transmissão de qualquer doença respiratória e, às vezes, outras, através daquilo que é o nosso contacto físico, a necessidade e a normalidade de utilizar máscaras respiratórias, quando temos doenças respiratórias a correr dentro do nosso corpo, e também a necessidade de manter o distanciamento uns dos outros. Se nós fizermos estas três medidas, quando estamos doentes, nós vamos conseguir minimizar a transmissão de qualquer doença de um lado para o outro”, aponta.

O especialista defende que, para além destas medidas que a saúde também pode continuar a batalhar, há outras que podem e devem ser tomadas por parte de outros setores.

“Temos todos os mercados associados, todas as áreas de comércio e de produção associadas, que é importante também estarem atentas aos riscos que também têm inerentes, como, por exemplo, na produção animal, haver condições de segurança e higiene para os animais que estão a ser cuidados, para que eles também não desenvolvam doença e nos transmitam”, exemplifica.

O especialista entende ainda que deve “haver cuidado, por exemplo, na agricultura e noutros locais que armazenam águas paradas durante muito tempo, de garantir que as águas estão cobertas para que não sejam um local de criação de mosquitos, sejam eles quais forem, já nossos ou que venham de fora e nos invadam e possam trazer outras doenças a seguir”.

“Há aqui um conjunto de medidas que a sociedade, cada vez mais, tem que estar alerta e esperemos que, nomeadamente no Plano de Contingência Nacional que a DGS está a elaborar, possamos ter indicações claras para vários campos de trabalho, para que possamos, todos juntos, ter uma proteção mais forte”, completa.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+