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Justiça

Sócrates considera "ilegal" grupo de trabalho de juízes sobre Operação Marquês

07 dez, 2024 - 11:29 • João Pedro Quesado

Antigo primeiro-ministro reforçou que vai recorrer da decisão conhecida na sexta-feira que faz o processo avançar para julgamento, separando-o dos recursos.

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José Sócrates considerou este sábado "ilegal" o grupo de trabalho do Conselho Superior de Magistratura para acompanhar o processo da Operação Marquês, e disse ter entregado um recurso ao plenário do órgão de juízes para anular esse grupo de trabalho.

Numa conferência de imprensa na Ericeira, o antigo primeiro-ministro afirmou que a decisão de formar esse grupo de trabalho "é ilegal e contra a Constituição", alegando que é "uma tutela administrativa sobre o poder jurisdicional num processo criminal em concreto".

"O propósito deste grupo de trabalho é evidente", sublinhou Sócrates, descrevendo-o como uma tentativa de "limitar o direito de defesa e pressionar os juízes a tomar decisões desfavoráveis aos visados". O principal arguido da Operação Marquês disse ainda que o grupo de trabalho "põe em causa a universalidade da lei" e "constitui um descarado abuso de poder".

O ex-governante reforçou ainda que vai recorrer da decisão do Tribunal da Relação de Lisboa, que enviou o processo da Operação Marquês para julgamento. O despacho foi conhecido esta sexta-feira.

O antigo primeiro-ministro declarou que não está "disposto a abdicar de nenhum direito", sublinhando o direito ao recurso, "apenas para satisfazer o gáudio dos jornalistas que confundem a sua profissão com ativismo jurídico".

"Não havendo pronúncia, nem acusação, não pode haver julgamento nenhum", afirmou Sócrates, reiterando a reação de sexta-feira, em que descreveu a decisão do Tribunal da Relação como "um logro e um abuso".

José Sócrates recordou ainda o acórdão de janeiro de 2024, em que o Tribunal da Relação aceitou um recurso do Ministério Público sobre a decisão instrutória de Ivo Rosa, de abril de 2021, de ilibar o antigo primeiro-ministro de 25 dos 31 crimes de que era acusado. A decisão de janeiro repôs todos os crimes na acusação.

"Eu vou defender-me do acórdão de janeiro, que considero infame", disse Sócrates, sublinhando que a decisão de Ivo Rosa classificou as acusações do Ministério Público de "incongruentes" e "especulativas".

Esta quinta-feira, o Tribunal da Relação de Lisboa deu ordem para o processo da Operação Marquês avançar para julgamento, separando o processo dos recursos que ainda estão por ouvir.

O juiz responsável pelo processo recusou o efeito suspensivo de um recurso apresentado por José Paulo Pinto de Sousa, primo do antigo primeiro-ministro, enviando assim o processo livre de recursos para a distribuição e marcação do julgamento pelos juízes do Juízo Central de Instrução Criminal de Lisboa do Tribunal Judicial de Lisboa.

Iniciado em 2014, o processo centra-se em 34 milhões de euros alegadamente recebidos por José Sócrates em troca do suposto favorecimento do Grupo Lena em vários negócios.
José Sócrates foi detido no aeroporto de Lisboa, após chegar de Paris, há 10 anos. Em 2017, foi acusado pelo Ministério Público de 31 crimes, entre os quais corrupção passiva, branqueamento de capitais, falsificação de documentos e fraude fiscal.

[notícia atualizada às 11h48]

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  • João A. Lopes
    07 dez, 2024 Porto 18:59
    «Um Estado que não se regesse segundo a justiça, reduzir-se-ia a um bando de ladrões» Agostinho de Hipona (354-430).
  • O que devia ser ileg
    07 dez, 2024 País 11:53
    O que devia de ser ilegal, era a carrada de reucursos que este bandido tem posto, só para fazer prescrever o processo e nunca chegar a ser julgado pelas malfeitorias que fez. E no fim ainda deve ter o desplante, de "lamentar" não ter tido oportunidde de "limpar" o bom nome (!!!) e exigir uma indemnização ao Estado.

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