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Baixo valor das prestações sociais limita combate à pobreza e torna o país menos resiliente às crises

13 dez, 2024 - 11:52 • Hugo Monteiro , Olímpia Mairos

Segundo o relatório "Trabalho, Emprego e Proteção Social", do Laboratório Colaborativo para o Trabalho, Emprego e Proteção Social, por comparação com outros países europeus, Portugal gasta muito pouco dinheiro nas prestações destinadas a combater a exclusão social.

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O baixo valor das prestações para combater a exclusão social limita o combate à pobreza e torna o país menos resiliente às crises. O alerta é da Rede Europeia Anti-Pobreza, depois de ser conhecido que Portugal gastou apenas 0,3% do PIB nestes apoios, quando a média europeia é de 1,1%.

O Laboratório Colaborativo para o Trabalho, Emprego e Proteção Social conclui que Portugal é um dos países europeus que menos gasta nestas ajudas.

Numa primeira reação, Elizabeth Santos, coordenadora da Unidade de Investigação e Observatórios da Rede Europeia Anti-Pobreza, diz serem números que não surpreendem.

“Não surpreende a nós, e também não surpreende, ou não deveria surpreender, o próprio Governo, porque a própria Comissão Europeia tem-nos alertado para esse facto, tem-nos dito que o nosso sistema de proteção social tem valores muito baixos para ter uma capacidade eficaz no combate à pobreza”, diz.

Na visão de Elizabeth Santos, “tendo um sistema de proteção social que é fragilizado por prestações mínimas muito baixas, somos muito pouco resilientes na capacidade de combater a pobreza, de retirar as pessoas de situação de pobreza e somos pouco resilientes na capacidade de lidar com situações de crise”, lembrando que “isso foi visível, por exemplo, na pandemia”.

Nestas declarações à Renascença, a coordenadora da Unidade de Investigação e Observatórios da Rede Europeia Anti-Pobreza, pede uma estratégia mais integrada para estes apoios.

É importante integrar um pouco mais as medidas de proteção social, termos menores números de restrições sociais, mas com valores mais adequados para o combate à pobreza seria essencial”, defende.

Para Elizabeth Santos “deve-se trabalhar a pobreza, o combate à pobreza, de uma forma mais integrada, olhando para a dimensão dos rendimentos, mas olhando também para outras dimensões, como acompanhamento social, acesso aos serviços de qualidade, trabalho de formação profissional, de acompanhamento na integração do mercado de trabalho”.

No relatório divulgado esta sexta-feira, o COLABOR - Laboratório Colaborativo para o Trabalho, Emprego e Proteção Social - aponta, ainda, divergências cada vez maiores no valor das prestações sociais.

O Rendimento Social de Inserção vale 237 euros mensais - menos de metade do Complemento Solidário para Idosos, que é de 630 euros.

Comentários
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  • Anastácio Lopes
    13 dez, 2024 Lisboa 12:49
    Quando será que os executantes deste trabalho chegarão à conclusão de que as pobreza e miséria só existem, não apenas pela baixas prestações sociais, mas também, e principalmente pelas formas erradas como a riqueza produzida no país tem sido imposta, ano após, ano, impondo-nos aumentos na base da percentagem que tudo dão a quem mais ganha e apenas dando migalhas aos que menos ganham, empurrando todos e cada um para estas pobreza e miséria que se alastram diariamente? Os cidadãos apenas e só precisam de prestações sociais e de subsídios, prática que se generalizou, porque ninguém até hoje, soube, nem quis atribuir maiores aumentos a quem menos ganha e menores a quem mais ganha, não o tendo feito, apenas e só aumentaram as disparidades entre ricos e pobres e jamais combaterão as pobreza e miséria. Ora eu que não fiz parte de qualquer trabalho cheguei há muito a esta conclusão, porque será que sindicatos, Ministros, Economistas e demais não vêm o que está à vista de todos. Costuma-se dizer que pior cego é o que não quer ver, será que neste país ninguém quer ver o inevitável, do que nos é imposto desde sempre? Mal dos portugueses que são vítimas destas formas vergonhosas de distribuir a riqueza gerada, pois nem essa distribuição os políticos e seudo sindicatos nos provaram alguma vez saberem fazer, que tristeza.

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