13 dez, 2024 - 02:00 • Marisa Gonçalves
Os trabalhadores da Portway, empresa de handling que presta serviços de assistência em terra nos aeroportos portugueses, convocaram uma paralisação para os dias 24, 25 e 31 de dezembro e também para o dia 1 de janeiro.
A greve abrange ainda todo o trabalho suplementar a partir do dia 24 de dezembro e até às 24h00 de dia 1 de janeiro.
Estes trabalhadores acusam a Portway de não estar a pagar os salários com os aumentos acordados.
Em declarações à Renascença, Fernando Henriques, do Sindicato dos Trabalhadores de Handling, da Aviação e Aeroportos (SITAVA), diz que os trabalhadores “estão desapontados” e garante que, se não houver cancelamentos de voos antecipados, vai gerar-se confusão nos aeroportos nacionais.
“A nossa expectativa é que os trabalhadores adiram em força a este protesto. Se for feito o cancelamento antecipado [de voos], não será visível esse impacto aos olhos do público. Se não for feito esse cancelamento e se a adesão for forte, então, aquilo que nós pensamos é que pode haver cancelamentos e muitos passageiros e bagagens a ficarem no chão”, aponta.
Os trabalhadores dizem que a Portway está a querer aproveitar uma diferença na terminologia aplicada à navegação comercial, entre as palavas “voos” e “rotações”, para não cumprir o acordo de empresa que obrigaria a um aumento de 1% em novembro, com retroativos a janeiro, mediante o cumprimento operacional de 60 mil voos assistidos.
“O que a empresa faz é dizer que a chegada e a partida correspondem a um voo, quando não há dúvida nenhuma que são dois voos. Uma rotação envolve uma chegada e uma partida, o que representa dois voos. Quando a Portway fez a proposta dos 60 mil voos, aos sindicatos não foi oferecida nenhuma dúvida de que estávamos a falar de voos. Não havia margem para qualquer confusão com o que seriam rotações. Aliás, disseram desde sempre que era um objetivo facilmente atingível”, declara.
Fernando Henriques acrescenta que foi com “surpresa” que os trabalhadores receberam a recente comunicação da Portway.
“No início de novembro, a empresa comunicou aos trabalhadores que não tinha atingido o objetivo porque tinha assistido, de 1 de janeiro a 31 de outubro, a 57 mil rotações. Ora, 57 mil rotações são cerca de 114 mil voos. Portanto, ficámos estupefatos”, afirma.
A greve foi anunciada, em comunicado, por quatro sindicatos: o Sindicato Democrático dos Trabalhadores dos Aeroportos e Aviação , o Sindicato dos Técnicos de Handling de Aeroportos, o Sindicato dos Trabalhadores de Handling, da Aviação e Aeroportos e o Sindicato dos Trabalhadores da Marinha Mercante.
Os sindicatos que convocam a greve dizem-se disponíveis para negociar e garantem que a resolução do problema “está nas mãos da empresa”.